tag:blogger.com,1999:blog-31323630741643008992024-03-18T03:12:42.757-03:00Sala dos RoteiristasUnknownnoreply@blogger.comBlogger223125tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-59282671280123941752018-07-21T00:16:00.003-03:002018-07-24T21:32:21.823-03:00Highland 2 e Gender Analysis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuVbtjnGHOUPxTbkJhxG0tTYzVOPrGgtL_BrDjmg13GLullXOQ9jfuHePr5MOd7cvBvn9b8nvLdenNfYCqJ4ZiSoFhFGK6JuZoB0unmHy0FZRmnpPdp7cI-O3vISOaZZJ0XgzVWNi7eydA/s1600/highland-2-header%25402x.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuVbtjnGHOUPxTbkJhxG0tTYzVOPrGgtL_BrDjmg13GLullXOQ9jfuHePr5MOd7cvBvn9b8nvLdenNfYCqJ4ZiSoFhFGK6JuZoB0unmHy0FZRmnpPdp7cI-O3vISOaZZJ0XgzVWNi7eydA/s400/highland-2-header%25402x.png" width="400" /></a></div>
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Eu já falei sobre como o <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/04/fountain-e-highland.html" target="_blank">Highland</a></b> é um programa infinitamente superior ao <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/03/final-draft.html" target="_blank">Final Draft</a></b> e como todo mundo deveria tentar usá-lo. Mas agora que saiu o 2.0 dele... na boa; quem continuar no Final Draft é ou usuário exclusivo do Windows (só tem pra mac =/), ou burro ou masoquista ou rico excêntrico que gasta dinheiro com coisas doidas.<br />
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Não tem NADA além que justifique o uso do Final Draft.<br />
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Preço? A versão básica é de graça. Se quiser desbloquear a versão full é 40 dolares. Muito mais barato que os surreais 200 e porradas do Final Draft. Sendo que a versão full só retira a marca d'água "made in Highland" e algumas brincadeiras tipo "dark mode" etc. então você pode tranquilamente ficar no de graça até a coisa ficar séria também.<br />
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Features de produção? Cara, exporta pra .fdx (sim, ele faz isso) e dá pra alguém de produção se virar; isso não devia ser coisa pra roteirista. E, em breve, tenho certeza que até isso vai dar pra fazer; trancar página e o caralho a quatro.<br />
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Escrever nele é uma delícia; resgata toda a graça perdida nas engrenagens duras e enferrujadas do Final Draft. A interface é agradável e a linguagem markdown intuitiva. Eu já amava a primeira versão - escrevi dois roteiros lá do início ao fim - mas ainda usava o Final Draft de vez em quando e o Word(!) para documentos ancilares. Mas agora que o Highland ta fazendo a porra toda - tem template/linguagem pra roteiro (de série e filme), peça, manuscrito, texto livre... - vou começar a usar pra tudo.<br />
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Mas esse post não é uma publicidade do Highland. Pelo menos não diretamente. A questão é que nessa nova versão, além de tudo isso que falei, tem duas coisas bem legais. Uma, o writing sprint: você determina um tempo pra poder se concentrar 100% na escrita e o programa recorda exatamente o que você conseguiu da sua meta. As vezes é necessário um momento de foco total e a gamificação da coisa ajuda bem. Já a segunda, é a mais interessante, para mim.<br />
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O Highland tem uma ferramenta chamada Gender Analysis que cata o roteiro e faz um breakdown de todo o diálogo separando personagens masculinos de femininos. Você sabe que é uma coisa genial quando pensa "Dur, mas.. meio óbvio isso; nada demais" e depois completa "bom, mas ninguem fez antes, né?"<br />
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É uma ferramenta incrível pra olharmos nosso bias e acabar com qualquer desculpa que nos deixava longe de ter o roteiro mais realista possível. Mais do que dizer quantas falas cada um tem, ele fala quantas palavras são faladas - o que é muito legal, pois as vezes a gente vai botando personagens femininos só para equilibrar a balança, mas é algo pouco importante pra história, clichê como uma garçonete cujo a fala é "Here's your coffee, honey".<br />
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Resolvi brincar e testar algumas coisas minhas pra ver como me saí.<br />
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Primeiro vamos pro <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/search/label/A%20esperan%C3%A7a%20%C3%A9%20a%20%C3%BAltima%20que%20morre" target="_blank"><b>A esperança é a última que morre</b></a>, que vocês podem assistir pra fazer a prova dos nove no <a href="https://play.google.com/store/movies/details/A_Esperan%C3%A7a_%C3%A9_a_%C3%9Altima_que_Morre?id=igy9e58Qbhw" target="_blank"><b>Google Play</b></a>, no <a href="https://itunes.apple.com/br/movie/esperanca-e-ultima-que-morre/id1083635219" target="_blank"><b>iTunes</b></a> ou no <a href="https://www.telecineplay.com.br/filme/A_Esperan%C3%A7a_%C3%89_A_%C3%9Altima_Que_Morre_4783" target="_blank"><b>Telecine Play</b></a> - espero que já tenham assistido!<br />
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Eu sempre julguei Esperança como bem feminista - mas sem ser planfetário. Temos uma protagonista feminina, a Hortência, buscando um sonho tal qual a maioria esmagadora dos protagonistas masculinos o fazem; nada a ver com o sexo deles, nem com a afirmação sexual - embora, é claro, faz parte da vida de toda mulher no mundo em que vivemos, então ela tem que lidar com o chefe machista (esse sim o vilão) pra poder seguir nesse meio.<br />
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Apesar de ter um storyline de romance, é uma história B; está longe do romance ser *a coisa* dela - na real, poder-se-ia até forçar a barra e dizer que o romance é *a coisa* sim do Eric, seu coadjuvante. - mas gosto de me dar o crédito de que ele também tem suas questões pessoais além da sua paixão; tanto que em dado momento se volta contra ela por não concordar com suas atitudes.<br />
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E, por fim, a "lição moral" do filme faz Hortência pagar por tudo e refutar a estrutura de poder patriarcal da emissora de TV, que ela ajudou a diminuir um pouco, tirando os vilões dali e botando sua rival Vanessa na cadeira de âncora sozinha, mas que, logicamente, ainda conservava muito do que ela não achava legal. Preferiu abdicar daquilo e - aí sim - investir no amor, na igualdade, e no carinho enquanto negócio, ao lado de pessoas com a mesma mentalidade dela.<br />
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Sem falar que o personagem bastião da moral do filme, que em nenhum momento peca, está sempre do lado da lei (literalmente) e buscando fazer o que é certo e moral, era uma mulher: a Tenente Danuzia. E ainda tinha a ceninha pós-crédito pra Vivian dar uma mijada no JP, representante mór do machismo...<br />
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Mas... quando rodei o Gender Analysis...<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcvtF8g0xl1nCu9UofsQhE8E4DDEwxlMjMoyMtGUFQUwm6YjhCgB8kPXSy7ymA2h4o0g8un4bMiz1WfbYSyWILyxu6s5fNarvRf11GdPdJvTK9jEsFY9ycZM_S1-NAQ9JsolsDbk7QVxv5/s1600/Screen+Shot+2018-05-22+at+10.17.30+PM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1052" data-original-width="946" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcvtF8g0xl1nCu9UofsQhE8E4DDEwxlMjMoyMtGUFQUwm6YjhCgB8kPXSy7ymA2h4o0g8un4bMiz1WfbYSyWILyxu6s5fNarvRf11GdPdJvTK9jEsFY9ycZM_S1-NAQ9JsolsDbk7QVxv5/s400/Screen+Shot+2018-05-22+at+10.17.30+PM.png" width="358" /> </a></div>
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Fiquei bem surpreso com o resultado! </div>
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Assim; é possível fazer um filme só com mulher e ser machista pacas e um filme só com macho e ser feminista toda a vida. Possa crer. Mas não sou maluco de brigar com número e, sendo pragmático, preto no branco, a estatística fala que ainda assim meu bias talvez tenha como standard dado mais destaque número aos homens do que as mulheres.<br />
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A imagem acima é o quadro geral do filme, incluindo todos os personagens, mesmo os tipo as garçonetes. Pra quem não consegue ler e tem preguiça de clicar pra aumentar a foto... </div>
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20 personagens masculinos (57%)</div>
13 femininos (37%)<br />
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2 não especificados (tipo "Assistente": nem nas falas e descrição especifiquei; deixei aberto mesmo)</div>
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Mas aí entra o que eu falei e acho que faz até sentido: se o filme fala sobre esse mundo de poder do telejornal, é lógico ter mais personagem masculino mesmo. O que precisava era subir o número de falas para igualar e assim o é; as 37% tem destaque equivalente a 46%, enquanto os homens tem mais quantidade mas menos qualidade:</div>
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350 falas de personagens masculinos (53%)</div>
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303 falas de personagens femininos (46%)</div>
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4 não especificados</div>
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15 cenas com duas ou mais mulheres interagindo (ou seja, passa no <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/03/o-teste-de-bechdel-e-mulher-no-cinema.html" target="_blank"><b>Teste de Bechdel</b></a> com os pés nas costas) </div>
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Uma coisa, antes de seguir...</div>
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Esta questão do não especificado; eu acho saudável. Sei do lance de que você, como roteirista, tem que ser capaz de imaginar tudo da história e bla bla bla... mas é <i>imaginar</i> apenas! Não precisa determinar. Tem coisa que, de verdade, <u>tanto faz</u>. E você ficar vaticinando que é isso ou é aquilo, acaba por vezes dificultando surgir gente nova interessante e diversa. Eu acho que a gente tem que ter a orelha em pé e o olho aberto pra essa questão de diversidade na nossa história pra representar o mundo que estamos retratando. Se tiver aquém da realidade, damos uma pesada na balança pra equilibrar. Mas se tiver naturalmente próximo de um equilíbrio, onde a escolha do sexo serve à narrativa que você traz, vale deixar esses em aberto para que o olhar do diretor de elenco e da produção como um todo, contemple todas as possibilidades. Se eu fosse mega descritivo quanto ao MALUCO 3, ou sei lá como eu chamei o personagem que o Ben Ludmer interpretou na hora do "Povo Fala" logo depois do midpoint do filme, talvez ficassem enviezados pela descrição e não trariam ele que fez tanto da pequena ponta que tinha.</div>
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Seguindo... </div>
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Excluindo todos os personagens de apoio, deixando só os mais importantes
- fiz um corte de quem aparecia em mais de 3 cenas e tinha participação
"decisiva" na trama - ficou mais interessante ainda. Vejam só:</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBNPVnCtbIFoYofEUhUJhDQRwsELR3sHcPTNW-5aZAoG5WCBwjMxgW6nYQuhb6kPntXKCMOxVkiu2eUtzmL5FGA353KWtcZhFpieYWSKIjSAI2-SNzOYROYltVIYYhsEfSichuwngxgdw6/s1600/Screen+Shot+2018-05-22+at+10.19.11+PM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="573" data-original-width="709" height="322" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBNPVnCtbIFoYofEUhUJhDQRwsELR3sHcPTNW-5aZAoG5WCBwjMxgW6nYQuhb6kPntXKCMOxVkiu2eUtzmL5FGA353KWtcZhFpieYWSKIjSAI2-SNzOYROYltVIYYhsEfSichuwngxgdw6/s400/Screen+Shot+2018-05-22+at+10.19.11+PM.png" width="400" /></a></div>
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As personagens femininas passaram a ser maioria - 5 contra 4 masculinos - mas curiosamente os homens falam mais em matéria de palavras: 4.657 (54%) contra 4.035 (46%). </div>
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Poderia dizer que é um reflexo de como o homem tem mais liberdade para falar o quanto quer e a mulher pega um segundo plano e bla bla bla? Poderia. Mas estaria mentindo. Se tinha algo que eu queria discutir com o filme era mais a questão do conceito de verdade e mentira e as brincadeiras de mexer com as linhas disso - algo que me acompanha em diversos projetos; desde o primeiro curta que escrevi e dirigi, o <a href="https://vimeo.com/22051676" target="_blank"><u><b>Pseudociese</b></u></a> (10 anos atrás; to velho!) - a questão de como a crise de credibilidade do jornalismo que se confunde com entretenimento é grave, especialmente quando tocada com o sistema da fama e o poder que pode exercer nas pessoas que, no fim das contas, só querem ser amadas. A questão feminista que podemos ver no filme (e pra mim tem sido até decentemente vista nos números do Gender Analysis do Highland) é só uma questão de eu tentar contar uma história realista que entretesse todo mundo - o requisito básico e inicial de qualquer história - e, para isso, não tem como não ter um equilíbrio aqui. Esse mundo retratado é cheio de mulheres, mulheres que tem seus sonhos e não vivem para servir aos homens.</div>
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O número de cenas onde duas personagens femininas ou mais interagem cai pra 6, mas nem sei analisar se isso é ruim ou bom. No geral cai, mas considerando que são só as cenas com o povo principal, caiu pouco. É um número substancial. E também teria que analisar o que rola tanto nessas cenas quanto nas outras 9 onde tinham os outros personagens mais secundários. Não fiz esse mergulho.</div>
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Mas vamos analisar outro roteiro: o de Orlando, Florida, um filme que escrevi pra Universal Studios, mas ainda não filmado. Esse eu achei que ia ser exageradamente o contrário: com uma presença exorbitantemente masculina, afinal é um buddy movie two hander de um menino e um homem...</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyifURuhHMUlsQSpKEWkds7nUQb9BJbh8pi1KV3fOBrVjP-TLDZFf0mKHhqeM6F42A4PlNkihHZnns2Qh76FR23eJ1HO7O3zLrb4PuI_uHPSA_rnMz5AZgL0GWMGKIPq6MgRegBZ3eKXeI/s1600/Screen+Shot+2018-05-22+at+10.26.10+PM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="581" data-original-width="702" height="330" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyifURuhHMUlsQSpKEWkds7nUQb9BJbh8pi1KV3fOBrVjP-TLDZFf0mKHhqeM6F42A4PlNkihHZnns2Qh76FR23eJ1HO7O3zLrb4PuI_uHPSA_rnMz5AZgL0GWMGKIPq6MgRegBZ3eKXeI/s400/Screen+Shot+2018-05-22+at+10.26.10+PM.png" width="400" /></a></div>
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A surpresa foi o contrário... até que não achei tão desastroso. Se ficasse só no Teste de Bechdel, tem 9 cenas onde duas mulheres interagem! Acho que pode ser melhorado esse equilíbrio, porém mais no campo qualitativo que quantitativo. O protagonista é falastrão, e a trama gira numa questão masculina mesmo, <i>coming of age</i> e aquelas coisas. Carregar de personagens femininos, dando falas pra compensar, vai é tirar todo realismo da história e no final acaba sendo um deserviço à igualdade de gênro, pois seria feito de forma paternalista. e aí voltaríamos à estaca zero.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-52660155132236404352018-05-22T22:34:00.001-03:002018-05-22T22:46:53.355-03:00GEDAR avança<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKW0xZ6cD4Yyz9bwJaimGtGg6_I3XuOM4CVHDeBqyonucObN4wBReSUBApjhhVJqlWkn9M_BudBgB672eRBsIcPwZxtG4E9aGrFjpwEiymgm6JRlHUEaAW5dm0lCINzuCZNyxhBMIPjLpT/s1600/Screen+Shot+2018-05-22+at+9.32.11+PM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="412" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKW0xZ6cD4Yyz9bwJaimGtGg6_I3XuOM4CVHDeBqyonucObN4wBReSUBApjhhVJqlWkn9M_BudBgB672eRBsIcPwZxtG4E9aGrFjpwEiymgm6JRlHUEaAW5dm0lCINzuCZNyxhBMIPjLpT/s320/Screen+Shot+2018-05-22+at+9.32.11+PM.png" width="320" /></a></div>
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A GEDAR (Gestão de Direitos de Autores e Roteiristas) deu um importante passo rumo a um velho sonho (infelizmente esta é a palavra mais adequada e não "direito") do roteirista brasileiro: a coleta de "royalties" sobre a exibição de suas obras.<br />
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Um rápido e superficial panorama para explicar: muitas vezes - especialmente quando você é o autor da história, autor do argumento que é transformado em filme - se negocia uma porcentagem de cada receita obtida pelo produto final; o filme. De primeira parece tipo "Uhu! Vou ficar rico!" e você começa a calcular cada ingresso vendido e tal... mas não é tão simples asim. Tem várias travas. Pra começo de história, você vende essa porcentagem para o produtor, então é da receita <i>dele</i> (o chamado RLP - Receita Líquida do Produtor) que você pega a porcentagem. Só que a receita dele já é uma porcentagem; a venda de cada ingresso custuma ser dividido 50% pro exibidor (a sala de cinema) e 50% para a dupla distribuidor e produtor (25% pra cada). Destes 25%, tem um lance chamado "retenção prioritária", que faz haver uma ordem hierárquica de pagamento - exemplo: a Globo filmes tava no seu projeto e eles tem retenção prioritária, então os primeiros dinheiros são para repôr os custos deles - e aí, só depois disso tudo, dos seus 25%, o produtor ainda tem que pagar todos os seus custos de produção e, uma vez que ele finalmente "break even", aí sim você começa a ganhar o % em cima desses %.<br />
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Foda, né? <br />
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Não bastasse isso tudo, ainda é difícil pacas de entender quando que "break even", né? Como controlar isso? E, mais, como controlar <u>onde</u> que tá passando e quantas vezes está passando, quando muitos dos acordos de exibição são internacionais.<br />
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Pois bem.<br />
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Aí entra a GEDAR.<br />
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Criada em 2016, a GEDAR é uma entidade autônoma, fundada por muita gente da extinta AR - hoje membros da ABRA - com o objetivo de realizar a arrecadação e distribuição dos valores devidos aos roteiristas e autores pela exibição pública de suas obras. Sim, de muitas formas, eles se assemelham ao ECAD, que há mais de 40 anos faz o mesmo para compositores de música.<br />
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Apesar de ser uma instituição privada, a GEDAR necessita de aprovação federal para efetivamente ter autoridade funcional nesta arrecadação e, neste último mês, mesmo com um prazo apertado, conseguiram cumprir com todas as solicitações de envio de documentações e outras diligências requeridas pelo Ministério da Cultura. Dentre elas, havia a necessidade de ter uma quantidade considerável de roteiristas e obras registradas no portal, afim de mostrar pro MINC que era uma demanda real. E o resultado foi muito legal! 178 roteiristas (dentre eles este que vos escreve) com 462 obras registradas. Parece pouco? É. Tenho certeza que temos muitos outros roteiristas por aí que nem sabem desta iniciativa - e fica aqui, então, o convite pra visitar o site, se registrar e registrar suas obras realizadas! No entanto, a realidade é que é notável o número, especialmente levando em conta que o DBCA (entidade que faz a mesma coisa para diretores) tem apenas o dobro disso, com 3 anos a mais de estrada nas costas. O GEDAR teve basicamente pouco mais de 1 mês (sendo que tiveram dois feriados no meio) pra fazer esse <i>tour de force</i> -
eu mesmo tive que mandar correndo a papelada pelo correio pra
chegar a tempo no Brasil; obrigado a Mônica da GEDAR que foi muito atenta durante o processo todo!<br />
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Agora o momento é de espera ansiosa para o parecer positivo e a liberação da habilitação que dará a possibilidade do tão sonhado recolhimento destes royalties.<br />
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Como será feito exatamente? Ainda não está muito claro. Espero que a GEDAR explique em breve, mas também desconfio que nem eles sabem direito, o que é super normal; tem muita coisa que só "com a mão na massa" que se descobre. O fundamental para a nossa classe é ter esse dispositivo e depois, através de muita conversa, pensar em aprimorá-lo.<br />
<br />
Mais uma vez: acessem <a href="http://gedarbrasil.org/">gedarbrasil.org</a> e sigamos neste importante caminho de profissionalização do nosso ofício!Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-18958046915984029392018-05-09T21:52:00.001-03:002018-05-09T23:41:22.397-03:00Primeiro Tratamento Podcast<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikRvb0Eh46QbfVubqEfE52sXwSyj_erXg9OHm_5UMmSf8re1gqfjWqFJ_85JN0ljTRv3QZX_juOKKUqe80g4YmE6LZSDoL6yWLDliDM-aFOzHGfvzIInAR9U86e1vd5dMBxuGQ2t0CcXir/s1600/1200x630bb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="630" data-original-width="630" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikRvb0Eh46QbfVubqEfE52sXwSyj_erXg9OHm_5UMmSf8re1gqfjWqFJ_85JN0ljTRv3QZX_juOKKUqe80g4YmE6LZSDoL6yWLDliDM-aFOzHGfvzIInAR9U86e1vd5dMBxuGQ2t0CcXir/s320/1200x630bb.jpg" width="320" /></a></div>
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Cheguei atrasado na festa, mas ainda não cantaram parabéns, então tá valendo. Aliás, opa, parece que <u><b>eu</b></u><b> </b>que vou cantar (ou escrever): parabéns ao podcast <b><a href="http://www.primeirotratamento.com.br/" rel="nofollow" target="_blank">Primeiro Tratamento</a></b>!<br />
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Mas a analogia com festas e parabéns vai ficar por aqui. Como o nome do podcast é "Primeiro Tratamento", acho que faz mais sentido eu fazer como se fosse um coverage, né? Afinal, esse post nada mais são do que meus "notes"(não solicitados) sobre o primeiro tratamento.<br />
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<a name='more'></a><br />
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<u><b>LOGLINE</b></u><br />
Via Skype, os roteiristas Bruno Bloch e Filippo Cordeiro entrevistam outros roteiristas brasileiros acerca de suas carreiras e pontos de vistas sobre o mercado e a profissão.</div>
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<div style="text-align: center;">
<u><b>COMENTS</b></u></div>
<div style="text-align: center;">
NOTE: Que fique claro que o "reader" aqui (ou seria "listener"?) não ouviu todos - haha pior profissional do mundo. Ouvi o do <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2017/05/o-processo-criativo-de-o-rastro.html" target="_blank">André Pereira</a></b> (s2), ouvi o do Arnaldo Branco, o da Elena Soarez, o do Caito Manier e
o primeiro episódio com um cara lá do Tá no ar na TV. To, no momento, ouvindo o da Anita Rocha da Silveira, minha ex-colega de PUC. </div>
<br />
<ul>
<li>WHAT WORKS</li>
</ul>
De primeira eu
fiquei meio "ah, queria que eles falassem mais sobre o mercado e roteiro
em geral" - como eles fizeram em alguns breves momentos de alguns
episódios - ao invés de passar tanto tempo entrevistando os roteiristas.
O conceito por trás desta noção é que, po, eventualmente eles vão ter
entrevistados que não vão clicar e vai ficar um papo chato. Fora que uma
hora não vai ter muita "novidade" na história da carreira da pessoa. Já
é meio assim com a quantidade de gente que fala que foi formada pelo Zé
Carvalho e participou do seminário do McKee... É o "<i>fui ao Woodstock</i>" dos roteiristas brasileiros.<br />
<br />
Mas aí, depois, fiquei pensando que to errado nessa. É importante demais
ter os roteiristas brasileiros sendo entrevistados, porque um dos
grandes problemas do nosso meio é exatamente a nossa (falta de)
visibilidade. Junto não só ao público em geral, mas aos nossos colegas
de mercado (especialmente produtores e diretores) e até aos outros
roteiristas! Não nos conversamos e conhecemos como devíamos; este site
mesmo é uma tentativa de nos conectar uns aos outros melhor. Então <i>kudos</i>
ao Bruno e ao Filippo e ao Primeiro Tratamento podcast por isso. Não dá
pra esperar que os outros façam por nós; metamos a mão na massa e bora
nessa!<br />
<br />
<ul>
<li> WHAT DOESN'T</li>
</ul>
Po, galera, vocês tem que dar um <i>up</i> no jogo técnico aí.<br />
<br />
Sim,
eu to mal acostumado ouvindo o <a href="https://johnaugust.com/scriptnotes" rel="nofollow" target="_blank"><b>Scriptnotes</b></a> do John August e Craig
Mazin; mas não é nem a questão apenas da qualidade do audio, po... vocês
nem editar editam! No ep da Anita o Filippo fala que edita muita coisa do que ele fala... só se for nos episódios que não escutei. E nem venham com "<i>a gente acha maneiro ter as falhas, gagueiras, repetição etc... conceito!</i>".
No ep do Arnaldo ele pára a entrevista porque tinha chegado a pizza que
ele tinha pedido! E, po, engraçado e tal, mas só se durasse 5 segundos e
cortasse pro "<i>Voltei, galera!</i>". Só que ficou fácil uns 30
segundos sem nada. Nem os apresentadores falando enquanto isso. Apenas
silêncio constrangedor e desnecessário. <br />
<br />
O tempo é elemento muito precioso num
podcast. Pensem que a maioria das pessoas ouve essas coisas fazendo o
traslado pro trabalho. Eu, por exemplo, ouvi neste momento sagrado de commute.
E, po, vai somando esses segundos de redundâncias que não trazem nenhuma
informação nova (olha o exemplo dentro do exemplo dentro do exemplo!) e
meus parcos 30 e tantos minutos de trajeto (literal) até Hollywood acabam não
sendo usados da melhor maneira. É frustrante. Para dar um exemplo que
acho que vocês vão entender: pensem num roteiro e como a gente tem que
tentar sempre chegar ao irredutível. Ficamos tentando tirar o máximo de
palavras que não agregam, expressando o máximo usando o mínimo; certo? O
mesmo acontece no podcast; pegar pizza e a "naturalidade" dos erros e
vícios de linguagem não agregam à missão central do filme- ops podcast:
falar sobre o roteirista brasileiro, seus obstáculos e virtudes no
âmbito profissional audiovisual.<br />
<br />
Time is money, eu entendo bem. Então, até por isso, vamos para a próxima seção. <br />
<br />
<ul>
<li> SUGGESTIONS</li>
</ul>
Lancem um kickstarter, gofundme, patreon, catarse ou algo assim pra
ajudar a comprar uns mics maneiros e pagar um editor pra limpar quando
fala por cima, longos momentos de "<i>éééé....</i>" e outras
bobagenzinhas pra que isso não atrapalhe nos distraindo do bom e
necessário serviço que vocês estão prestando para a nossa indústria. Que tal?
<br />
<br />
Tenho certeza que muita gente vai ajudar e a meta será batida fácil.
Minha contribui$$ão está garantida e farei o possível para ajudar a
divulgar na minha humilde rede de contatos. Porém, tem também umas
coisas que, independente disso, vocês podem fazer e ficam aqui algumas sugestões:<br />
<br />
<ol>
<li>Tentem ir
até o entrevistado ao invés de fazer por skype pra minimizar os hiccups
de conexão.</li>
<li>Quando alguém errar ou falar por cima/junto do outro,
parem e falem "peraí, fala de novo" e corta só a parte da confusão. </li>
<li>Deem um tchau no final! Essa é meio pessoal, mas como o app do podcast põe um ep na sequência do outro, eu sempre me perco e não sei se é o mesmo ep ou não. Acho que não custa nada até porque no futuro vocês podem usar esse momento para os "créditos" dos editores e outros anúncios importantes</li>
</ol>
E, sim, ouçam os ouvintes(!) e mantenham sempre o "faaaaala, galera" do Bruno.<br />
<br />
<br />
<ul>
<li>VEREDICT</li>
</ul>
<b>STRONG RECOMMEND</b><br />
Todos os roteiristas que aqui acessam; assinem, assistam e
divulguem esta grande nova iniciativa chamada Primeiro Tratamento
Podcast!Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-71794266634131884532018-04-20T01:48:00.004-03:002018-04-20T09:57:31.126-03:00Agequake e o revival de séries<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVHpEYEezr82Y6ZBRvJqY7iFTleEQsSn2mSUNFsBZNSoO5PS3zdRpRukruSdeXgorMBxv1uOdcU0d397bBswrYf5eBOV99Ie2ehUf68RUUrB8jDDtqWDKKeSl7kARERF050-ehlCFUK_Qp/s1600/a_tomhanks.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVHpEYEezr82Y6ZBRvJqY7iFTleEQsSn2mSUNFsBZNSoO5PS3zdRpRukruSdeXgorMBxv1uOdcU0d397bBswrYf5eBOV99Ie2ehUf68RUUrB8jDDtqWDKKeSl7kARERF050-ehlCFUK_Qp/s320/a_tomhanks.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Nos últimos posts vim discutindo as mudanças de eixo da TV e do Cinema e uma tendência na televisão me fez vir aqui e adicionar a essas filosofadas todas: essa onda de revival de séries consagradas.<br />
<br />
Will and Grace, Full House, Gilmore Girls, X-Files, Twin Peaks, Roseanne... todas essas (e algumas outras) voltaram e os estúdios planejam fazer mais disso; inclusive com algumas séries que não dá pra entender o porquê da vontade de trazer de voltar.<br />
<br />
Revival é a atual moda e tem alguns motivos óbvios para isso. O principal é a velha questão do risco. Os estúdios tem estas propriedades intelectuais em seu portfolio e tratam de movimentá-las pois vale mais a pena botar pra rodar algo que já é seu do que ter que pagar pra comprar algo novo, certo? Algo novo que, por mais bom que te pareça, pode não encontrar um público. Já estas propriedades intelectuais que eles revivem, partem, de início pelo menos, de um público curioso pra saber o que fizeram daquele universo que gostavam. <br />
<br />
Remakes eram comumente feitos, mas revivals não. E tem uma explicação para isso e é disso que este post quer tratar.<br />
<br />
Revivals são uma consciente - acredito eu - tentativa de capitalizar no fenômeno chamado Agequake, onde a pirâmide demográfica está virando de cabeça pra baixo. Devido aos avanços da medicina, a humanidade está vivendo mais e, por conta de educação e progresso social, o controle de natividade está maior. Assim, temos mais "velhos" e menos "jovens" que antigamente.<br />
<br />
A televisão, apesar de ter espaço para todos, sempre teve seu horário nobre focado em jovem adultos de 18 a 34 anos; essa era a demográfica de publicidade - pois, como todos sabem, a publicidade não está ali para te dar tempo de ir ao banheiro/respirar; um programa de TV é escrito para ser tão bom que você fica ali vidrado e consome a propaganda. No entanto, com o Agequake e as diversas disrupções que estão acontecendo, você tem toda uma galera - os jovens 18-34 de 20 anos atrás - com poder de consumo ainda maior que os jovens de hoje (que disputam um mercado muito mais saturado, inclusive porque esses "velhos" não largam o osso e se aposentam tão cedo quanto antes) e uma nostalgia afetiva gigante para serem exploradas.<br />
<br />
O assunto é interessantíssimo e renderia muitas linhas filosafadas. Adoraria falar sobre como os BabyBoomers são uma geração que envelheceu mal a beça, intitulada, individualista e desconectada da realidade, botando a culpa na vítima (os pobres dos Millenials) das próprias coisas das quais é responsável. E nem seria fugir da área de discussão do site, pois fazemos audiovisual com o mundo que nos cerca e entender o momento geracional que passamos - seja seu projeto situado no passado, no futuro ou no presente; na realidade que for - <b>sempre</b> vai reverberar (e será analisado pel)o momento por qual passamos.<br />
<br />
No entanto, falta-me o tempo - e a vontade, pra ser honesto - para fazer uma análise extensa sobre o assunto. Pelo menos por agora. Achei mais produtivo jogar este estalo aqui, seja pra iniciar uma discussão sobre o que isso representa para nós, pensadores de conteúdo audiovisual, seja apenas para abrir os olhos dos colegas para essa realidade e, assim, considerarem essa tendência de uma expansão de foco geracional para o nosso storytelling. Não precisa pensar em histórias com protagonistas de 60 anos cheios de preconceitos lutando contra qualquer coisa que não entendam, ou pior: ficar matutando qual história de 20 anos atrás vale a pena refazer: você não tem os direitos dela, vai queimar a mufa à toa - embora eu total aceitaria fazer um revival de Felicidade com a disputa familiar fraternal entre Alvinho Coxinha e Bia Militante; bora escrever isso junto, Maneco! <br />
<br />
O que estou falando é que vale considerar a existência de um público grande num extrato basicamente inexistente há pouco tempo atrás. Mesmo que ele não seja seu foco; saiba que ele está lá assistindo e poderá, de maneira toda errada, ir ao Twitter reclamar do seu conteúdo, desconsiderando-o por não ser a verdade dele.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-1381195926331609502018-02-08T13:56:00.002-02:002018-04-20T01:49:34.594-03:00Novos cursos na Roteiraria!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGfaEMfLDv8Ws0y268EHp9qTjmEvVgLxcXHjLrJBPAuQQq6kpjV03-TXlBUQPJYquBu1VahkNNQYFuPICqa9-Oz0fF2BPHeYQsMuY67c4Kst13oX0tqUG0dbJImbW5S_IkOT2jTnrQYix9/s1600/KNf9VLOi_400x400.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGfaEMfLDv8Ws0y268EHp9qTjmEvVgLxcXHjLrJBPAuQQq6kpjV03-TXlBUQPJYquBu1VahkNNQYFuPICqa9-Oz0fF2BPHeYQsMuY67c4Kst13oX0tqUG0dbJImbW5S_IkOT2jTnrQYix9/s320/KNf9VLOi_400x400.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Você conhece a Roteiraria? De início, era uma espécie de "produtora de roteiros". Formada, logicamente, por roteiristas, ela se propunha a prestar serviços para produtoras e marcas, afim de trazer a <i>expertise</i> narrativa para o projeto/produto que estes clientes precisassem. Então, uma produtora tinha boa entrada com Cauã Reymond e queria fazer um filme com ele como super-heroi? Chamavam a Roteiraria e seu time para cuidar do desenvolvimento do roteiro.<br />
<br />
O "problema" é que o cabeça da Roteiraria, além de grande roteirista, é um notável excelente professor. José Carvalho é nome carimbado em diversos roteiros de longa-metragens da filmografia brasileira, mas ainda mais reverenciado por suas aulas de roteiro, tendo formado e trocado com inúmeros roteiristas da nova geração (inclusive este que vos escreve).<br />
<br />
Portanto, como seria uma lástima esquecer um talento tão nobre como é o "ensinar", Zé (ou "Derinho" pros mais próximos) criou um segundo braço para a Roteiraria: uma escola de roteiro.<br />
<br />
O projeto vem rolando há algum tempo e agora no começo deste ano, tem 3 cursos bem bacanas:<br />
<br />
O primeiro, <i>acabou</i> de começar! (Corre lá no <a href="http://www.roteiraria.com.br/inscricoes/formacao-de-roteiristas-sp/" target="_blank"><b>site da Roteiraria</b></a> que talvez ainda dê pra pegar) É o "Formação de Roteiristas" e será ministrado por Rodrigo Petrônio e Ricardo Tiezzi ("Superpai", "Qualquer Gato Vira Lata" e vários outros créditos). O investimento não é barato: 11 mil dinheiros. Mas também não é pouco o que você ganha em troca. Além da qualidade programática do curso, algo que é difícil de mensurar em dinheiro, são 120 horas (40 aulas), fora a oportunidade de conhecer e fazer amizade com colegas roteiristas; o que, sempre falo, é algo primordial para a nossa carreira nesta indústria que é feita de "gente" e relacionamentos e não necessariamente de "currículos" e "conquistas". Fora que, eles dizem nas brochuras, a Roteiraria costuma trabalhar com produtoras parceiras, para que elas avaliem os roteiros produzidos no curso de maneira a posicionar seus alunos no mercado. Essa parte, sinceramente, eu não levaria tanto em consideração, porque é mais "wishfull thinking". Não é como se as produtoras estivessem loucas atrás de projetos, com dinheiro sobrando pra aplicar... e não é por isso que você deve se interessar em fazer o curso. Essa "venda" vai acontecer naturalmente e participar de coisas assim, com pessoas da indústria, vai te ajudar a dar um passo até esse desejo - o que, por si só já é ótimo! - mas dificilmente vai ser o passo final-definitivo.<br />
<br />
O segundo curso é sobre "Branded Content", ou conteúdo para marcas. Esse, ministrado por Patricia Leme, é pra quem quer viver de roteiro no audiovisual e tem o discernimento que um caminho apenas de conteúdo próprio ("meu filme", "minha série", "meu desenho"...) é árduo e mais demorado do que a vida real nos permite. Aprender mais sobre como as marcas usam do audiovisual para construirem suas narrativas e se comunicarem com os consumidores é algo necessário para a vida prática de um roteirista de mercado e engrandecedor narrativamente até mesmo para quem já pode se dar ao luxo de só se preocupar em realizar seus próprios projetos autorais.<br />
<br />
E o terceiro curso é a "Oficina de Séries", ministrada por Patricia Leme de novo e também o próprio José Carvalho; que faz a coordenação pedagógica de todos os cursos citados. Esse, me parece, é o curso que atrairá mais pessoas, pois é o assunto mais em voga e a ementa parece ser mais ampla, recebendo desde os estudantes universitários até roteiristas já formados, sedentos pelo ponto de vista sempre esclarecedor do professor José Carvalho.<br />
<br />
Então, fica a dica. A Roteiraria tem sede no Rio de Janeiro também. Estes 3 cursos são meio pra "agora", mas fica entrando no <a href="http://www.roteiraria.com.br/roteiraria-escola/a-escola/" target="_blank"><b>site deles</b></a> ou se inscreve na newsletter, que já já é capaz destes cursos irem pro RJ tambémUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-7654549264314529062017-12-21T23:16:00.000-02:002017-12-21T23:16:11.040-02:00BRAINSTORM: Máquina de Escrever<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJMs0zNrUlPdCF0pAZ8_bbj_nPQJQlrXwIDqFg0nRd6L8nAcAUce63LPBoUAilhtt_IusYFdv9y01f3i5D41mrZu5KvMistdgimkmSflyKpP27fFqB077LfcHO211cYkyZEs0CqUuvrPeV/s1600/IMG_5064.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJMs0zNrUlPdCF0pAZ8_bbj_nPQJQlrXwIDqFg0nRd6L8nAcAUce63LPBoUAilhtt_IusYFdv9y01f3i5D41mrZu5KvMistdgimkmSflyKpP27fFqB077LfcHO211cYkyZEs0CqUuvrPeV/s320/IMG_5064.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
O falecido avô da minha esposa tinha essa máquina de escrever Sterling que agora fica como decoração no nosso quarto. Acho que basta comprar fita para botá-la pra rodar; parece funcionar tranquilamente. De vez em quando, quando no ócio, brinco de digitar nela, porque o barulho e o teclar dela é muito gostoso. Muito diferente dos teclados não-mecânicos aos quais nos acostumamos.<br />
<br />
Numa destas escapadas com a máquina, fiquei pensando como a mudança tecnológica mudou a escrita em si. Fiquei pensando que pesadelo seria tentar escrever um roteiro, ou um conto que seja, numa máquina de escrever. Sou de um tempo em que ainda dava pra usar máquina de escrever - o fiz algumas vezes com coisas de criança - porque computador ainda era algo "para poucos". Meu primeiro computador - um laptop Toshiba possante com um HD de gigantescos 2GB - foi adquirido só em 1998! Porém, o computador, aliado ao advento da internet, entrou de tal maneira no meu (no nosso, né?) dia-a-dia, que me acostumei a escrever digitalmente e, sei lá; não é que eu não consiga, mas teria uma dificuldade imensa de mudar meu <i>mindset</i> pra escrever analogicamente. Na máquina de escrever - se você não quiser ser o clichê de filmes onde o escritor amassa o papel e joga fora quando erra/muda de idéia - você tem que fazer um trabalho muito pesado de definição de idéia na cabeça antes de digitar. Isso para mim seria muito complicado: minha escrita é totalmente baseada em usar o <i>delete</i>, subindo e descendo as frases e editando a escrita <i>ad nauseum</i> antes de seguir em frente. Eu escrevo qualquer merda, porque é em cima desta merda que vou construir alguma coisa, afinando, cortando, trocando; na máquina de digitar isso não dá pra ser realizado com o mesmo efeito.<br />
<br />
Não estou dizendo que a galera das antigas digitava e <i>voilá</i>: estava pronto o roteiro! Claro que eles amassavam os papéis em bolinhas, passavam <i>liquid paper</i> em palavras e re-digitavam e ainda tinham os segundos, terceiros, quartos tratamentos etc. Mas fato que, com tanto trabalho manual e cerebral, o Homem cansava e não fazia metade das revisões e edições que fazemos tão costumeiramente <i>on the go </i>por causa de toda a facilidade que o computador possibilita.<br />
<br />
Minha conclusão é a de que, no geral, a escrita no computador fez com que surgissem obras melhores, menos engessadas. No entanto, a máquina de escrever, indubitavelmente, forjava melhores escritores, no sentido que requeria do escritor que ele estivesse mais "pronto", mais certo do que o que ele queria fazer, ao invés de dar a chance dele ir descobrindo <i>no papel</i> se ele tinha uma idéia clara <i>na cabeça</i>. Se é que isso faz algum sentido... <br />
<br />
Geralmente o <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/search/label/Brainstorm" target="_blank"><b>Brainstorm</b></a> é uma estimulação de idéias, de premissas para que acenda uma centelha criativa no cérebro e te estimule a escrever. Mas o de hoje é mais uma estimulação de <i>forma</i>. Da escrita em si. Não necessariamente pra disso sair uma idéia - embora até possa acontecer; vai saber... - mas sim um exercício que creio poder melhorar nossa habilidade de escrever: você tem uma máquina de escrever funcionado por aí? Tente escrever alguma coisa direto nela, como a velha guarda fazia! <br />
<br />
<i>Depois me diz aqui nos comentários (i) o que achou do processo, (ii) do resultado final e (iii) onde você achou fita de tinta pra eu fazer a experiência também!</i>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-52569243300223571262017-12-19T08:00:00.000-02:002017-12-19T08:00:24.895-02:00FOLLOW UP: Netflix e narrativas<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGOZxhlAaRBcPmKThZpS2HMMkr-xvge8-CB8fwUUO2d8OWs4ZmknrByZJkDhwyTMj9zDPZbEve-26KyYZ1YskNS5DRcuhtbGnVvauYkSZqzfbwdofnbjOQYkCCaxqEOvXzKUfLcqzFbWxg/s1600/DH9z0LcUIAEZbYA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGOZxhlAaRBcPmKThZpS2HMMkr-xvge8-CB8fwUUO2d8OWs4ZmknrByZJkDhwyTMj9zDPZbEve-26KyYZ1YskNS5DRcuhtbGnVvauYkSZqzfbwdofnbjOQYkCCaxqEOvXzKUfLcqzFbWxg/s320/DH9z0LcUIAEZbYA.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Já assistiu "<i>Big Mouth</i>", o desenho da Netflix?<br />
<br />
É bem bom, gosto bastante do enfoque em sexualidade, o uso cômico quase grotesco das ânsias adolescentes desmitificando especialmente a sexualidade feminina e a forma como ela é normalmente apresentada. Boa pedida pro Natal e Ano novo, pra quem não vai viajar e quer alguma diversão!<br />
<br />
Mas estou mencionando a série pra fazer um follow up daquele <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2016/06/netflix-e-o-consumo-serializado-ii.html" target="_blank"><b>post onde analisei uns dados do Netflix</b></a> e disse que a tenndência seria que os storytellers passassem a planejar seus arcos em 2 horas de programação. Nos comentários do post, o Gabriel Lira já falou tempos depois que a tendência é real e mostrou uns links de entrevistas onde showrunners falavam sobre isso... Mas assistindo o quarto episódio de <i>Big Mouth - </i>que tem 20 minutos por episódio<i> - </i>pude ver o exemplo cristalino na minha frente - até porque eles usam de muita metalinguagem e o personagem chamou a atenção da platéia para este fato quebrando a <i>quarta parede</i>. Maurice, o personagem em questão, menciona uma piada específica e assegura ao outro personagem que aquilo é um <i>call back joke</i> para o acontecido a 2 episódios atrás, justificando que tudo bem, pois todo mundo <i>binge watch/maratoneia</i> então a piada ainda estaria fresca na memória da platéia. Depois ainda faz graça dizendo para continuarem assistindo, dando um spoiler do que supostamente acontece no próximo episódio (<strike>ainda não assisti pra ver se é só piada!</strike> não era só piada; rola mesmo).<br />
<br />
Como falei no post original da análise, não sei se eu gosto muito disso. Curto a relação médico storyteller - paciente espectador. E gosto da temporada clássica de 22 episódios. Uma das coisas que acho fascinante de "<i>Bojack Horseman</i>", outro desenho da Netflix, é exatamente como eles, mesmo confinados a 10 episódios, mexem no espaçamento narrativo numa lógica de tempo de 22 episódios. Um fato acontece aqui e só lá tarde tem um payoff. Às vezes nem tem... às vezes eles pulam uma grande quantidade de tempo e ignoram até continuidade de fatos... é bem <i>old school</i> e eu gosto disso. Mas, enfim, <i>it is what it is</i> e é legal ver que fazia sentido o que previ lá atrás. Espero que quem tenha lido na época tenha aproveitado a dica e largado na frente do que, provavelmente, vai ser uma grande tendência.<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-58915213791376668282017-12-18T00:02:00.000-02:002018-04-20T00:41:47.884-03:00E a publicidade, virou o quê?<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilxI1-Cb37XMnxpAhMXTJ5OmAM7XIE7qVGPJWIuo1NzbgOl2Geh3aCdNtdukFyTGdMu1TUED4hRZhLIxxhKZhHry7rydaPYtTtaRnXr-9y69uKTK2GmMTeX_JKRxKt4qB_ydYDJt6h7VLJ/s1600/hqdefault2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="480" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilxI1-Cb37XMnxpAhMXTJ5OmAM7XIE7qVGPJWIuo1NzbgOl2Geh3aCdNtdukFyTGdMu1TUED4hRZhLIxxhKZhHry7rydaPYtTtaRnXr-9y69uKTK2GmMTeX_JKRxKt4qB_ydYDJt6h7VLJ/s320/hqdefault2.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Semana passada falei sobre como a <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2017/12/a-tv-virou-cinema-e-o-cinema-virou-tv.html" target="_blank">TV virou Cinema e o Cinema virou TV</a></b> e me ocorreu que falava exclusivamente sobre os Estados Unidos no post. Mas e o Brasil?<br />
<br />
Bom, a primeira parte da frase não tenho dúvida que é real. A produção televisiva ganhou todo o tratamento cinematográfico possível e isso é importante de notar - ainda mais que nos EUA - pois nossa formação televisiva realmente era distante do cinema. Criamos desde cedo uma linguagem televisiva mais ligada ao teatro e a rádio do que ao cinema. Do roteiro à mise en scene.<br />
<br />
Já a segunda parte da frase, embora seja muito incipiente no Brasil devido a uma suposta falta de
propriedades intelectuais estabelecidas - embora tenhamos algumas
sequências de sucesso e propriedades ainda não bem exploradas; mas
deixem acharem que não existe mesmo! O equilíbrio é o melhor caminho -
outro dia eu vi uma coisa inovadora, que não vi em lugar nenhum: a
narrativa serialisada (televisiva, digamos) num <b>comercial publicitário</b>!<br />
<br />
É
um comercial do Itaú que faz um call back a outro comercial da mesma campanha (#issomudaojogo) do Itaú.
Não, não é tipo o Tio Sukita e outros exemplos que nada mais eram do que uma técnica de
<a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/10/escrevendo-improviso.html" target="_blank"><b>improviso</b></a>; a piada repetida só que com outra obstrução - Tio Sukita na
praia, Tio Sukita na festa, Tio Sukita no restaurante... Esse contava a
história de vida de um jogador de futebol e sua camisa da sorte e, no
fim, ele dá sua camisa da sorte para... a garotinha que sonhava ser
jogadora de futebol, protagonista da primeira propaganda. Essa me pegou
de surpresa...<br />
<br />
O que significa? Não sei, mas achei interessante o experimento e passo aqui pra quem não viu. <br />
Para os curiosos: eis o <a href="https://www.youtube.com/watch?v=aCG3i9S2_Vg" target="_blank"><b>primeiro comercial</b></a>, e aqui <a href="https://www.youtube.com/watch?v=otS7FKVBfyY" target="_blank"><b>o segundo</b></a>.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-4197533310902359092017-12-14T08:00:00.000-02:002017-12-14T10:34:47.001-02:00A fusão Disney e FOX<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1TJ38H-p4qVfHytkCtZLTWzYrxCJTK30Cj9DZhVL7d-WM5QSNOsc6RL2L8pRI2ydUROlTb-KSBRzpx3f5n2STWjXK5a1CXmBFSo_3Bob7nj5IA90n18TTYj1QYL0AY_5qcVDZBWgx8ieW/s1600/disney_fox_merger.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="1280" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1TJ38H-p4qVfHytkCtZLTWzYrxCJTK30Cj9DZhVL7d-WM5QSNOsc6RL2L8pRI2ydUROlTb-KSBRzpx3f5n2STWjXK5a1CXmBFSo_3Bob7nj5IA90n18TTYj1QYL0AY_5qcVDZBWgx8ieW/s320/disney_fox_merger.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Fontes da indústria apontam que a Disney está em avançada conversa para comprar a 20th Century FOX e isso é uma triste notícia não só para todos que trabalham com audiovisual, como também para quem apenas o consome.<br />
<br />
É de doer ver que a cobertura que as "novas mídias" fazem do fato se concentra na ânsia<i> fan boy</i> de, com isso, poder haver a integração dos X-Men no "Universo cinemático da Marvel" Studios. Não só estamos falando do fim de um estúdio com mais de 100 anos de grande história no cinema e na TV, como estamos falando de uma problemática questão capitalista que pode ferir (e muito) a indústria.<br />
<br />
Essa é uma constante: a história da humanidade é cíclica. E acho que o mundo capitalista quase que determina que assim o seja. No começo do cinema americano, os estúdios agiam quase <i>end-to-end</i>; era o tanto o lugar físico onde gravava o filme quanto o exibidor, através das salas de cinemas das quais eles eram os donos. Mas logo perceberam que era melhor parar com esse protecionismo, pois, assim, seus filmes, podiam passar em regiões onde eles não tinham tantas salas. Passaram a viver num estilo mais "federalista", onde cada um vivia sua especialização rachando o dinheiro; no final das contas acabaram todos fazendo mais do que fazia o mundo girar: money, bufunfa, dinaro.<br />
<br />
Assim se manteve a indústria. Ocasionalmente um ou outro até arriscavam estar concomitantemente em duas linhas de trabalho (FOX tem seu estúdio, mas também tem seu canal, a rede de cinemas AMC além de suas salas, também criou um canal), mas não havia a obrigatoridade de exclusividade de conteúdo da sua companhia parente. Cada empresa com sua lógica, fazendo negócios com quem fosse...<br />
<br />
Até que algumas rupturas de mercado aconteceram.<br />
<br />
A internet e a mudança da forma como consumimos o conteúdo audiovisual foi a primeira. De repente, a TV sofre um baque financeiro, devido a evasão de verba publicitária (que é o que paga as contas) para a internet e também por conta da queda de audiência. A internet se desenvolve em matéria de velocidade e surge o VOD, que faz a chamada "syndication" da TV, onde você vende sua série antiga ou seu filme de catálogo para ficar passando em reprise, perder a atratividade tanto pro espectador, quando para o estúdio. Juntando isso tudo, a holding do estudio + canal, passa a, se não favorecer, <i>pegar leve</i> com os conteúdos que são "da casa". O, antes nervoso, dedo do cancelamento, agora passa a ponderar se não é mais interessante deixar a série rolar mais uma temporada, pois aquele programa vai bem no VOD - o que, na lógica de um canal que só lucra com a primeira exibição do programa, não fazia sentido. Resultado disso? Pequenos estúdios começaram a sofrer para colocar seus programas no ar, pois, logicamente, não tinham essa barganha.<br />
<br />
A segunda mudança forte, que tem como produto também esta compra Disney-FOX, foi a consolidação da Netflix. Como eles chegaram num momento onde não tinha ninguém nessa plataforma (produzindo ainda por cima) e conseguiram passar a arrebentação, tornaram-se um commodity indispensável. Os caras, além das coisas deles, tem biblioteca giga, dando de volta pros estudios (e artistas) pouco perto do que eles faturam. O que aconteceu? Os estudios falaram:<i> opa! peraí! Isso aí é concorrência. E os caras não dão de volta</i> (as séries e filmes deles, em sua maioria, especialmente no início, eram exclusivas pra plataforma; não passavam em lugar algum além). E pensaram: <i>temos um catálogo giga; por que não fazemos o mesmo? Estamos perdendo dinheiro!</i><br />
<br />
A Disney já anunciou que vai retirar tudo do Netflix e montar seu próprio serviço de VOD (com Marvel, Disney, Pixar, ABC Studios... e agora, possivelmente, FOX; surreal), a CBS já estreou o dela, provavelmente vai pegar tudo que tá dentro do guarda-chuva da VIACOM. Ou seja, se antes o consumidor pagava uma TV a cabo com pacotes de várias opções, alguns levels de canais premiuns a la carte e tal, agora ele tá ferrado. Ele tem que pagar Netflix, daqui a pouco pagar CBS, Disney, NBCUniversal... estamos voltando para um momento menos "livre" de consumo de conteúdo. Limitando cada vez mais as chances de "encontrar algo que nem sabíamos que estávamos procurando".<br />
<br />
Isso no ponto de vista do consumidor. No ponto de vista de profissional da indústria é ainda mais triste. Primeiro que toda compra-fusão sempre gera, inevitavelmente, cortes em massa. Inevitável. Segundo, que, pelo simples fato de diminuir um dos players de sua possível contratação, já é péssimo. É uma indústria com dificuldade suficiente para se entrar, não precisa agora ter menos opção, que se traduzirá em menos ponto de vista diferente, menos filosofia diferente, e, no fim das contas, pela menor concorrência, menos dinheiro para te oferecerem. <br />
<br />
É bom deixar claro que este movimento não acontece só no cinema; faz parte de todo um momento cultural mundial, eu diria. Exemplo: no Brasil já vivemos isso com uma Globo sem qualquer ameaça das outras emissoras, devido a um aparato gigante de comunicação, certo? Graças a Deus pela ANCINE e as leis de incentivo que ainda resguardam um
pouco e dão espaço para o difícil surgimento de players produtores
fortes, porque com as mudanças recentes da Globo Filmes, ela avança seu monopólio para o cinema também. Aqui nos EUA há uma lei que proíbe que o mesmo grupo tenha num mercado um canal de TV e um jornal impresso, MAS o Partido Republicano está empurrando para que essa lei seja derrubada pelo FCC porque.... money, bufunfa, dinaro.<br />
<br />
Estes últimos posts aqui da Sala tem circundado de alguma maneira neste tópico inevitável que o mundo tem nos trazido. É um momento onde em todo lugar parece haver uma luta contra a diversidade como um todo. É uma onda de polarização, de absolutismo filosofal, de busca por uma simplificação suspeita, pois o mundo não é nada simples. Às vezes você tem que perder pra ganhar, às vezes é melhor mesmo dar um passo atrás pra dar só dois à frente; às vezes 1+1 <u>não é</u> igual a 2.<br />
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Como disse; a História é cíclica e o capitalismo quase que pede essa virada ponta-cabeça para, daqui a pouco, isso saturar e, como nova onda, volte de alguma maneira a o que era antes. Mas é bem triste estar vivendo, neste caso, a parte debaixo da onda. Do caixote, da areia e espuma.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-85323836739069137042017-12-13T08:00:00.000-02:002017-12-13T11:23:45.497-02:00Assédio sexual em Hollywood<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdm-_tcSixBiGARcy8oHSfYDoEbc_tYhZuiWpsWsQZvAj_77cQlIprFZvqOlpa7fteoHQkWroaC8M0UPK464u81UzNmMVipVUngc1c8gVNG1PDl-8EIgwL2Wjwooul6p13Cbi0BnfM4-s0/s1600/SEXUALHARASSMENT-DOMINOEFFECT.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="311" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdm-_tcSixBiGARcy8oHSfYDoEbc_tYhZuiWpsWsQZvAj_77cQlIprFZvqOlpa7fteoHQkWroaC8M0UPK464u81UzNmMVipVUngc1c8gVNG1PDl-8EIgwL2Wjwooul6p13Cbi0BnfM4-s0/s1600/SEXUALHARASSMENT-DOMINOEFFECT.jpg" /></a></div>
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Claro que você, roteirista antenado, está acompanhando o que tem rolado em Hollywood acerca das diversas denúncias de assédio sexual. Muita gente tá expondo seus casos e, com isso, gente "graúda" está rodando.<br />
<br />
De Harvey Weinstein a Dustin Hoffman, Kevin Spacey, Louis CK, James Toback, Bryan Singer, Brett Ratner, John Lasseter, Danny Masterson, Jeremy Piven, Jeffrey Tambor... A lista (já) é longa e, tenho certeza, tem espaço para aumentar muito mais, uma vez que não tem como fugir: Hollywood é uma indústria que basicamente lida com "sonhos"; dentro de um mundo patriarcal, machista como o nosso, naturalmente pessoas se aproveitam da facilidade de caminho de abuso de poder e agem desta forma predatória.<br />
<br />
Minha opinião sobre isso? Acho ótimo. Que caiam todos! Toda a força e apoio às mulheres (e homens) que foram vítimas. Que a era do "abafa" tenha ficado para trás.<br />
<br />
O que fico pensando é o quão transformador esse movimento pode ser. O audiovisual é um mercado muito pautado por "poder" e acho que, no fundo, a grande revolução que está acontecendo <i>também</i> no cinema, mas no mundo todo, é uma desvalorização do conceito de "poder" e um deslocamento em direção à "diplomacia". "<i>Poder</i>" fazia sentido em épocas de guerra física e armada, belicosa. O mundo está super populado, não comporta mais esse tipo de guerra sem causar danos colaterais a parceiros ou até ao próprio atacante. Faz-se guerra de inteligência, química ou muito concentrada; logo a moeda de poder passa a ser "educação", "sagacidade", "inteligência", "empatia" e não garganta, força bruta, ignorância e intimidação. O único último poder que existe é o financeiro, pois "<i>a infraestrutura determina a superestrutura</i>". E foi aí que a coisa pegou e fez a diferença lá em Hollywood. A perda financeira que estes casos causavam era maior do que o "clube do bolinha" ou a "força" que os abusadores tinham. Refilmaram todas as cenas com Christopher Plummer no lugar de Kevin Spacey no filme "All the money in the world", porque o filme ia naufragar terrivelmente. Custou cento e tantos milhões e ninguém ia ver, nenhuma atriz ia querer divulgar o filme... muito mais fácil botar outro ator e tentar salvar o investimento, certo? E, com a recorrência destes abusos vindo à luz, este cuidado, espero, passará a ser preventivo e pessoas deste tipo nem chegarão a serem envolvidas em projetos deste calibre; se tornam o que chama de "liability".<br />
<br />
Conversei com colegas da indústria sobre o caso. A maioria concorda com esta linha; a era dos diretores esporrentos, dos produtores que lideram por medo, dos Professores Fletchers (do filme Whiplash) está em seu ocaso. Vem aí a era da diplomacia, do diálogo, do vencer pela qualidade e coerência do argumento artístico e não pela intimidação hieráquica extra discussão de idéias/visões tão comum em nosso meio.<br />
<br />
No entanto, houve gente que defendesse que, salve casos de assédio sexual, no fim das contas o que importa é quem "entrega", logo, tolerar-se-ía os profissionais "de personalidade forte", caso eles fizessem bons trabalhos. Eu realmente não gosto dessa visão. Primeiro que o assédio sexual e o abuso de poder fazem parte da mesma efera. E outra que, apesar da boa ficção aparentar realidade; elas não são a mesma coisa. Esses argumentos de que o bom ator "vive" de fato (<i>à la</i> method acting) o papel, ou que o roteirista, para escrever um drogado, tem de ter se drogado... é uma grande balela. Quer dizer então que o George Lucas já foi pro espaço várias vezes?! Então, não compro isso de que o drama real numa produção é colateral das gênias mentes por trás do processo. Isso é um argumento torpe de quem quer usar suas qualidades como escudo para seus defeitos. Uma coisa independe da outra. É perfeitamente possível ser profissional e legal e fazer um bom trabalho. Não tenho a menor dúvida. E mesmo se tivesse, se as boas obras só existissem quando houvesse essa "entrega" e outras palavras que andam numa linha tênue do abuso de poder, acho que a possibilidade da população poder assistir uma boa obra de arte não pode ser mais importante do que a dignidade, a sanidade e, em muitos casos, até a saúde de uma só pessoa que tem que pagar por todos.<br />
<br />
<i>Que Hollywood nos mostre o caminho e venha a era dos gente boa!</i> Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-80352591754679438482017-12-11T08:00:00.000-02:002017-12-11T15:08:56.672-02:00A TV virou Cinema e o Cinema virou TV<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDesBdO-kWingPEXbhxSItPFv6tE31EUrOFoo8WXtL0RuzCy-sR6OOJ7j6IjrWvtlVSGdZnSaGZqMjLAgllvMVNLgWqzYN7YGtdz20F3rQyrm1zWh30nghM94Wbe8BxyXZtxrjiDJNjx-D/s1600/cinema-vs-tv-azul-redimensionado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="647" data-original-width="1024" height="202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDesBdO-kWingPEXbhxSItPFv6tE31EUrOFoo8WXtL0RuzCy-sR6OOJ7j6IjrWvtlVSGdZnSaGZqMjLAgllvMVNLgWqzYN7YGtdz20F3rQyrm1zWh30nghM94Wbe8BxyXZtxrjiDJNjx-D/s320/cinema-vs-tv-azul-redimensionado.jpg" width="320" /></a></div>
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Essa paráfrase de Antônio Conselheiro que dá o título ao post foi dita por alguém outro dia - não consigo lembrar quem - e ficou na minha cabeça. De cara achei um exagero, mas depois que pensei melhor, vejo que é bem por aí mesmo...<br />
<br />
A primeira parte da frase já virou lugar comum. Mas no "superficial". Fala-se como as séries tem orçamento gigante e preocupação estética e histórias incríveis. Em muita parte, trata-se de abdicação de um preconceito de quem fala, pois a TV (nos EUA, pelo menos) já gera tudo isso há muito tempo. Enfim, já falei <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/10/livros-de-tv.html" target="_blank"><b>aqui neste post</b></a> como tenho bode da suposta "revolução da TV a cabo", pois não faz justiça a todo o trabalho feito anteriormente na TV aberta.<br />
<br />
No entanto, é verdade também do ponto de vista que interessa, que é o storytelling - afinal, tudo que todos numa produção de filme ou seriado fazem é contar uma história. Mais e mais a <i>forma</i> de contar uma história na TV se assemelha à que previamente era comum no cinema. A maioria das séries estão blocando suas histórias como um filme de 10 atos. Há uma história maior que vai se desdobrando em pequenos filmes de 1 hora cada. Fora a predileção por conteúdo original.<br />
<br />
Já a segunda parte da frase apenas recentemente - com a indústria cinematográfica passando a investir quase que exclusivamente em propriedades intelectuais já estabelecidas - se tornou uma realidade. Mas se tornou! Agora é no cinema que vemos um "universo cinemático" sendo explorado. São os heróis da Marvel e da DC, o Star Wars, as sequências de propriedades de qualquer grande estúdio... É lá que encontramos o storytelling clássico da TV, onde temos uma espécie de "repetibilidade" estabelecida, temos um "monstro da semana" e a história do episódio específico é resolvida em uma tacada só - o "stand alone" - sem deixar de abrir espaço (geralmente na cena pós-créditos) para uma possível sequência.<br />
<br />
Por que essa inversão?<br />
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Análise minha, nunca vi ninguém falando isso especificamente, mas acho que finalmente chegou-se a um ponto ótimo da relação de mercado do produto audiovisual. Veja bem; o cinema está aí há mais de século. Porém, antigamente a noção de tempo era diferente. Você tinha uma capacidade menor de escoamento dos produtos (contra mais salas de cinemas e TV e TV a cabo e VOD e o escambau hoje em dia) e um tempo lógico de consumo maior. Um fenômeno cultural durava. Hoje, com tanto estímulo e tantos meios, a efemeridade vem rápido. Mas é uma via de duas mãos: se enjoa rápido, também não demora pro "antigo" voltar a ser "novidade"; nada realmente massifica. Explicando e exemplificando isso tudo numa frase só: <i><b>Hoje um filme do Star Wars entra em cartaz de 1 em 1 ano; antes um filme de Star Wars ficava em cartaz por 1 ano</b></i>. Então, acredito que hoje temos os "meios" para fazer a roda do consumo, da instigacão do desejo de compra ser rápida e, do outro lado, temos "produtos" suficientes estabelecidos para este consumo, agradando os quatro quadrantes de público. Com isso, a industria percebeu que podia viver destes produtos, destas propriedades intelectuais pré-estabelecidas, o que geralmente traz menos risco do que um filme de idéia original na hora de ativar o interesse do público e levá-lo ao cinema. Sendo assim, a narrativa acompanhou a natureza do consumo. O roteirista deve pensar que aquele filme faz parte de "algo maior", mas que deve trazer satisfação e conclusão na hora de rolarem os créditos.<br />
<br />
Já a mudança recente da TV, copiando a moda antiga do Cinema certamente se deu por causa do crescimento absurdo do número de produções e da quebra do modelo antigo onde o espectador não tinha muito poder de ação quanto ao cosumo. Com tanta oferta e com o espectador assistindo como e quando bem entender, você tem que ir pro tudo ou nada narrativo pra que te assistam e dali você consiga fazer algum dinheiro, certo? Passa a ser tal qual era o cinema, um esforço narrativo sem muita consequência com o amanhã (onde amanhã = muitas temporadas), pois o amanhã só vem se te assistirem. Então você tem que manter aquela morfina descendo no fio, irmão! Senão já era. E nada desperta mais curiosidade que não o que é novo e original, certo? <br />
<br />
Do ponto de vista criativo, confesso que não gosto. Acho que ambas as formas poderiam ser vistas em ambos os meios, sem que fique essa massificação de um ou de outro. É também sinal dos tempos em que vivemos, desta caída polarização de ou <i>isso</i> ou <i>aquilo</i>. Gosto da diversidade. Mas não podemos esquecer que é uma indústria e, como tal, ela tem como interesse o lucro e o lucro é preto-e-branco. Portanto, fiquem atentos a essa tendência, pois, enquanto minha preferência individual pela diversidade não for preferência da maioria, vai ser assim que a banda vai tocar.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-20684770645527426972017-05-18T11:52:00.000-03:002017-05-18T11:52:19.927-03:00O processo criativo de O RASTRO<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXRXF-O0-vRNvRDlMGVG03MJDfG4d78z4Pk4o84iKG_ZVGACANBNlo8RV8_VyvXgi6SLN-JCe8AuNwF0Wwr-TayGUNuKkRcP0IrqQae-M_CXPuHTa5CIPRWiG-taS1ZUF0xJp7uLjAGlo8/s1600/capa.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXRXF-O0-vRNvRDlMGVG03MJDfG4d78z4Pk4o84iKG_ZVGACANBNlo8RV8_VyvXgi6SLN-JCe8AuNwF0Wwr-TayGUNuKkRcP0IrqQae-M_CXPuHTa5CIPRWiG-taS1ZUF0xJp7uLjAGlo8/s640/capa.png" width="640" /></a></div>
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<i><b>Hoje estréia em 325 salas no Brasil "O Rastro", um longa-metragem</b> <b>de terror com uma trama muito interessante: trabalhando no desativamento de um hospital público caquético, João, o médico responsável pela transferência dos pacientes da UTI, dá pela falta de uma criança e ao ir atrás do rastro desse desaparecimento encontrará perturbadoras verdades. Bati um papo com meu amigo André Pereira (Mato sem Cachorro), roteirista, junto a Beatriz Manela, do filme para conversar um pouco especificamente sobre o processo criativo do filme, mas também sobre o ofício do roteirista em geral. Espero que curtam e não deixem de assistir o filme no cinema! Filme de terror tem que ver no cinema!</b></i></div>
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André Pereira é um cara muito peculiar. O conheci na faculdade de cinema da PUC-Rio, para, só depois, alguns anos mais tarde, descobrir que ele cursava economia(!) na IBMEC(!!) Ele era amigo de escola de um colega <i>filho da puc</i> (Vitor Leite, hoje produtor na TV Zero) e, amante do cinema como era, <i>não só</i> frequentava os eventos e screenings do curso, como participava de vários curtas <i>pontifícios</i>, seja produzindo ou escrevendo. Anos depois, por coincidências do destino, acabamos nos encontrando no "mercado" e desenvolvendo uma amizade natural, afinal, além da história doida, temos diversas semelhanças: tricolores, roteiristas na mesma faixa etária, ambos casados com uma Luisa e outras coisas. </div>
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Além da boa companhia e papo interessantíssimo, André é não só um promissor roteirista, mas também um excelente produtor e, junto com a também querida (e feríssima!) Malu Miranda, fundou a Lupa Filmes - o que faz da produtora um dos melhores lugares para um roteirista trabalhar... tive a oportunidade de desenvolver um projeto com eles e, nossa!, é muito bom quando a discussão do roteiro é em alto nível; com eles sempre o é. Agora, 4 anos depois de lançar a comédia blockbuster "<i>Mato sem Cachorro</i>"(escrita também por André), a Lupa Filmes traz aos cinemas... um filme de terror!</div>
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Acompanhei um pouco do período de desenvolvimento de "<i>O Rastro"</i>, li um tratamento do roteiro perto do início da filmagem (mas que com certeza foi mudado; André mesmo me avisou que já estava re-escrevendo umas partes), mas depois vim para os EUA e acabei só acompanhando algumas coisas de longe. Com todo esse preâmbulo, espero que entendam se a conversa tenha ficado um pouco solta. Na real, estava mesmo era perguntando um bando de coisa que me deixou curioso, estando há um tempo longe do amigo:<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghZvDLElIqU-n6JfkujEZyGCLXpt1iuUcIz7bP_pn_kU0GhCuZe6vXJ9o_rPW8bl6Z0yfn8gvk3KH_iM7pdp9pAHhb9xNM7IDwlGR_bGdaxCjm_kpIL5olMK2uzzQW8rVDGikwJ2Vb7lkX/s1600/O-roteirista-e-produtor-Andre%25CC%2581-Pereira_A-produtora-Malu-Miranda_-A-roteirista-Beatriz-Manella_Pre%25CC%2581-estreia-O-Rastro-SP_horizontal_0.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghZvDLElIqU-n6JfkujEZyGCLXpt1iuUcIz7bP_pn_kU0GhCuZe6vXJ9o_rPW8bl6Z0yfn8gvk3KH_iM7pdp9pAHhb9xNM7IDwlGR_bGdaxCjm_kpIL5olMK2uzzQW8rVDGikwJ2Vb7lkX/s400/O-roteirista-e-produtor-Andre%25CC%2581-Pereira_A-produtora-Malu-Miranda_-A-roteirista-Beatriz-Manella_Pre%25CC%2581-estreia-O-Rastro-SP_horizontal_0.jpeg" width="400" /></a></div>
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<span style="font-size: small;"><i> André, Malu e Beatriz Manela na pré-estréia de "O Rastro"</i></span></div>
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<i><b>Muita gente fala de "pigeonhole" do
roteirista (Saca? Quando colocam ele numa "caixa" de gênero e ele não consegue
mais fazer outros projetos de outros estilos, porque na cabeça de todo mundo
"ele é um roteirista de X e não de Y")... Você saiu do "Mato sem Cachorro" (2013), uma comédia blockbuster de mais de 1 milhão e 200 mil pessoas para
um filme de terror... foi uma decisão consciente ou foi por acaso?</b></i></div>
<i><b>
</b></i><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não foi uma decisão consciente, mas confesso que fiquei
muito feliz agora que você apontou isso! Na verdade, quando eu e a Malu (Miranda,
produtora de "O Rastro") criamos a <i>Lupa Filmes</i>, nós começamos a desenvolver os
dois projetos praticamente juntos: uma comédia romântica que se tornou o "Mato
sem Cachorro"; e um filme de terror com o João Caetano Feyer que eventualmente virou "O Rastro". A
diferença é que a comédia romântica levou 4 anos para ser desenvolvida,
produzida e lançada, enquanto "O Rastro" demorou o dobro do tempo. Mas eu
sempre gostei de filme de gêneros diferentes. Eu achava incrível que o William
Goldman e o Rob Reiner conseguiram fazer um clássico de fantasia/aventura infantojuvenil
como "<i>The Princess Bride</i>" (A Princesa Prometida) e logo depois um suspense do Stephen King como "<i>Misery</i>" (Louca
Obsessão). E olha que o Rob Reiner ainda fez "<i>When Harry met Sally</i>" com a Nora
Ephron entre um e outro!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i>E o plano pro futuro é continuar
fazendo mais coisa diferente? Ser pigeonholed como o cara que <u>não é</u> pigeonholed?
Um Jonathan Demme/Richard Linklater do roteiro? </i></b></div>
<b><i>
</i></b><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seria muito maneiro! Por enquanto, eu tenho uma outra
comédia que já estou desenvolvendo há 4 anos e já comecei a trabalhar também em
outro filme de terror. O problema é que os projetos de cinema demoram tanto
tempo que não consigo controlar a carreira desse jeito, mas seria incrível se
pudesse intercalar. Na verdade, eu acho importante você escrever num gênero que
goste e que se sinta confortável. Por um acaso, eu amo comédia e
terror/suspense. "<i>O Rastro</i>" foi uma grande imersão nesse universo das minhas
referências pessoais de filmes de gênero. Mas não sei se conseguiria ir pro
drama ou melodrama, por exemplo. Eu consigo ver filmes clássicos dentro desses
gêneros, mas não é uma coisa que me atrai. A comédia e o terror me atraem!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSRpGt4i2ZdgbGUiUXTPbwepAltsvtVS9coBkafOHi42qU8XH7ThPu5k9iMwMqUOR-FDlitQJp4uBGaa4qPIyOc-sJQESWarA1jNlPXeemvwYHc9DjvUaNmNYd6yalSEb1i_8AmR34Zo8B/s1600/IMG_0012.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSRpGt4i2ZdgbGUiUXTPbwepAltsvtVS9coBkafOHi42qU8XH7ThPu5k9iMwMqUOR-FDlitQJp4uBGaa4qPIyOc-sJQESWarA1jNlPXeemvwYHc9DjvUaNmNYd6yalSEb1i_8AmR34Zo8B/s400/IMG_0012.jpeg" width="300" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><i> André em uma de suas peregrinações por hospitais cariocas durante a pesquisa de "O Rastro"</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Vamos falar do processo criativo
do "O Rastro"... sei que envolveu muita pesquisa. Mas no que
consistia a pesquisa? Você precisou entender melhor o sistema de saúde
brasileiro para conseguir encontras as melhores formas de adaptar sua idéia e
extrair o medo e o suspense da coisa? Ou foi através da pesquisa que você chegou
ao mecanismo principal da trama?</b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O desenvolvimento do "<i>O Rastro</i>" foi um processo intenso de
aprendizagem que durou quase 8 anos. Aprender a fazer pesquisa foi uma grande
parte disso. No "<i>Mato sem Cachorro</i>", eu tinha feito muito pouca pesquisa. Eu
não tinha familiaridade com o processo. Eu achava que num roteiro original o
importante era o processo de criação do universo. Quando eu comecei a escrever
"<i>O Rastro</i>" com a Bia Manela, a nossa principal pesquisa era dentro do gênero do
terror. A gente começou a procurar filmes, séries, livros, contos, quadrinhos,
anime/mangá... Tudo pra tentar descobrir que tipo de filme que a gente queria
fazer. Nosso primeiro instinto foi ir pra base do terror na literatura gótica.
A gente ficou tão obcecado com o "<i>The Turn of the Screw</i>" (e a adaptação pro
cinema, "<i>The Innocents</i>") e o "<i>Rebecca</i>" do Hitchcock, que resolvemos propor uma
trama que se passava em uma casa isolada no campo. A gente passou alguns anos
desenvolvendo essa história que também seguia essa linha do subgênero do
sobrenatural/psicológico, mas num ambiente remoto até que percebemos que
estávamos tão presos as nossas referências que não nos conectávamos mais com
aquela trama. Não tinha nada pessoal nosso naquele universo. Foi nesse momento
que a gente reinventou o filme e começamos a pensar "<i>o que nos dá mais medo?</i>". </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Nada dá mais medo do que ficar doente ou ter que depender de um hospital... </b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Exatamente! A gente tem muito medo de hospital! Mas aí surgiu essa necessidade da
pesquisa porque nós dois não conhecíamos <u>nada</u> desse universo médico. A gente
começou com uma pesquisa com médicos, mas depois foi ampliando para diretores
de hospital e eventualmente o pessoal da Secretaria de Saúde. O quanto mais a
gente se aprofundava na pesquisa, mais a gente achava a realidade bem mais
interessante que a ficção. O sistema de saúde brasileiro tem questões muito
complexas, então foi muito importante pra gente entender os temas que a gente
queria abordar. Ao longo do processo de desenvolvimento, alguns hospitais no
Rio estavam sendo fechados e foi aí que surgiu esse caminho da Central de
Regulação, que é uma área estratégica da Secretaria de Saúde que controla os
leitos dos hospitais. Ou seja, a gente começou a pesquisa procurando respostas
para algumas idéias de trama que estavam surgindo, mas depois a pesquisa acabou
trazendo outras questões que ditaram a narrativa do filme. Outro
ponto importante de pesquisa que eu nunca tinha usado foi uma consultora
médica. Ao longo do desenvolvimento, a gente conheceu uma médica incrível da
nossa idade, a Lila Domingues, que virou nossa consultora oficial. Como a gente
ficou muito amigo, podia ligar pra perguntar, "<i>Lila, como que a gente mata o
personagem tal?</i>"</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Com um castiçal no salão de jogos?</b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Coronel Mostarda!<br />
<br />
<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/InF6r947m4k?ecver=1" width="560"></iframe><span style="font-size: small;"><i>Assista o trailer!!! Vá ao cinema ver hoje!!!</i></span></center>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<i><b>E, assim... mesmo você e a Malu sendo mega
eficientes, no Brasil nosso processo do desenvolvimento até a filmagem é MUITO longo. E pior: picadinho. Você tem um "rush" de excitação e
trabalho aqui, mas logo logo a vida e o processo acabam diminuindo isso e aí depois acontece alguma coisa que faz voltar a
pegar fogo e repete todo esse processo de novo algumas vezes. Embora a política esteja sempre em
constante ebulição e transformação, é inegável que durante todo esse processo
de "O Rastro"até hoje, a política tava mais aquecida do que nunca, né? Com
diversos escândalos pipocando em todos os âmbitos: nacional, estadual...</b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A própria saúde, especificamente. O (ex-secretário de saúde do RJ) Sergio Côrtez...<i><b><br /></b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b> </b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Exato! Isso foi um problema pra você e pra sua história ou isso jogou
a favor? Você tem alguma dica pro roteirista que tem que enquadrar uma
realidade que está em constante mudança?</b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É muito bom dar essa entrevista, porque você sabe como é viver esse processo
constante de começar/parar na pele. Acho que poucas pessoas falam sobre a
dificuldade de desenvolvimento de roteiro no Brasil por essa ótica de
interrupções do processo criativo. E devíamos colocar mais em pauta isso para um melhor desenvolvimento do nosso mercado. No caso do "<i>O Rastro</i>" foi interessante, pois
o contexto político acabou acompanhando o desenvolvimento do filme. Eu queria
poder dizer que foi planejado, mas fomos muito impactados pelo acaso. O filme
sempre teve um contexto político; mesmo quando a história se passava numa casa isolada. Mas
quando fizemos a mudança para o hospital resolvemos abraçar esse pano de fundo
e enraizar a história na nossa realidade. A gente brincava que queria escrever
um terror estilo David Simon, por causa do "<i>The Wire</i>", que retrata tão bem a
realidade de Baltimore. Mas conforme a gente foi acompanhando os hospitais
fechando, as políticas públicas da Secretaria... tudo pra gente soava <i>tão</i>
estranho! Eu e Bia somos muito pessimistas, céticos. Mas naquele momento
existia uma euforia no Rio por causa da Copa e das Olimpíadas... então, foi muito
estranho acompanhar a transformação da cidade nesses oito anos. Quando
começaram a revelar os escândalos no Governo, que incluíam investigações na
Secretaria de Saúde, foi surreal. Nesse caso, infelizmente foi algo favorável para
o filme, pois a intenção sempre foi retratar que a realidade é muito mais
assustadora que a ficção. Mas acho que o roteirista tem que tentar acompanhar a
realidade. O problema é que a história está sempre em transformação.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Você também é produtor. Coloca o
seu boné de produtor pra responder essa: terror sempre fez muito sucesso aqui no
Brasil com filmes gringos, certo? Desde os clássicos "Alien", "Sexta-Feira 13" do Jason, "A hora do pesadelo" do Freddy Krueger... até os mais recentes "O chamado",
"Atividade Paranormal"... Com isso tudo, por que é um gênero tão pouco explorado
pelo cinema brasileiro?</b></i></div>
<i><b>
</b></i><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse foi um dos grandes desafios do filme. Desde o início,
eu e Malu mapeamos essa questão. A gente fez um levantamento dos lançamentos
internacionais em mais de 100 salas no Brasil e descobrimos que eles tinham uma
média de quase 700 mil espectadores. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Caralho!</b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Foda, né?<i><b> </b></i>No entanto, o filme de gênero brasileiro
tem uma média de menos de 15 mil, sendo que o maior lançamento de terror no
Brasil desde a Retomada fez 84 mil espectadores. Daí surge a dúvida: o público
desses filmes rejeita os lançamentos brasileiros? Mas o problema é muito maior
porque a amostragem é muito pequena. O lance é que a gente produz pouco filme de gênero no
Brasil. Eu acho que tem coisas incríveis sendo produzidas dentro do cinema
fantástico brasileiro! Você pega o trabalho do Rodrigo Aragão, o Rodrigo Gasparini/Dante
Vescio ou o Marco Dutra/Juliana Rojas... são MUITO maneiros! E eles também são
diferentes entre si. Isso sem falar em cineastas com curtas-metragens incríveis
que estão começando a dirigir longas como o Dennison Ramalho e a Gabriela
Amaral Almeida. Acho que existe uma dificuldade muito grande na distribuição e
exibição desses filmes. Mas também precisamos acreditar na possibilidade de
levar para o público um gênero que ele talvez não esteja tão acostumado a ver
aqui!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXLCkW1G4ILUr1NTt1SlO-r9lNaUQ_zBBCsUuhSH11qNoXiKynp2DUSQC8u12IuFquNQ8ULGZeuohsSJ4Z-PMz-wLpKTnYxPx4U-5cs40D5C_Da9lfFEmBiY8fay2kaj4WHb6VmyBdrnpr/s1600/WIL_7798.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXLCkW1G4ILUr1NTt1SlO-r9lNaUQ_zBBCsUuhSH11qNoXiKynp2DUSQC8u12IuFquNQ8ULGZeuohsSJ4Z-PMz-wLpKTnYxPx4U-5cs40D5C_Da9lfFEmBiY8fay2kaj4WHb6VmyBdrnpr/s400/WIL_7798.jpeg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<i><span style="font-size: small;">"O Rastro" na CCXP Recife: estratégia de divulgação promocional certeira</span></i> </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Falando nisso, uma coisa que foi muito elogiada, e me deu uma mega dor de cotovelo de não estar aí pra ver, foram as experiências imersivas que vocêz fizeram pra divulgação. Lembro de tanto você quanto a Malu viajando pras convenções de filmes de gênero e tech e voltando cheios de idéias...</b></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pois é! Eu e Malu somos muito obcecados com o lançamento dos filmes, então
tentamos criar ações específicas para atingir essa base que curte filme de terror, mas não vai ver o terror brasileiro: a gente construiu um
hospital mal-assombrado na Comic Con em São Paulo; a gente fez set visit com o
pessoal do Arrow in the Head, do JoBlo; a gente criou uma ação de realidade
virtual em parceria com a Arcolabs e Fableware; a gente participou de eventos
como o CCXP Recife e o Geek Game no Rio; a gente fez uma ação nos cinemas onde
a pessoa entra numa gaveta de necrotério para assistir o trailer do filme... A
gente tentou criar oportunidades para promover o filme de uma forma diferente.
Isso foi todo um outro processo, mas que foi uma experiência incrível!</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i>Gênios. A da gaveta foi demais.</i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Você entraria?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i>Nem à pau. Agora coloca seu boné de
roteirista de novo: o que é mais diferente (se tiver algo) na hora de escrever
um filme de terror?</i></b></div>
<i><b>
</b></i><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mais difícil foi aprender a escrever algo dentro de um
gênero novo. Eu sempre amei filmes de terror e já tinha escrito curtas com
alguns elementos fantásticos, mas sempre caindo para o humor negro. Quando a
gente começou o processo do roteiro percebemos que tínhamos que adaptar a
escolha de palavras, a cadência, a quebra dos parágrafos de descrição... tudo
para chegar em um formato de roteiro que fosse mais representativo do gênero.
Eu comecei a ler mais roteiros de terror e alguns me ajudaram bastante, como o
"<i>Alien</i>" original do Dan O'Bannon. É engraçado porque o texto do roteiro é muito
restritivo (sempre terceira pessoa no tempo presente), mas depois você descobre
que algumas escolhas podem deixar as rubricas cômicas ou dramáticas
ou assustadoras. Isso foi um desafio muito legal. A literatura ajudou bastante
também nesse sentido. A gente pegava sequências de terror dos livros do Stephen
King para entender como ele usava a construção das frases e a escolha dos
adjetivos para causar desconforto ou pavor.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><b>Pra finalizar: qual foi o aspecto mais difícil
desse roteiro? E o mais prazeroso?</b></i></div>
<i><b>
</b></i><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mais difícil foi explorar um gênero que a gente tinha
pouca experiência prática. O processo de desenvolvimento envolveu uma grande
curva de aprendizagem junto com o João Caetano e a Malu. Fora isso, eu tinha
escrito o "<i>Mato sem Cachorro</i>" sozinho, então foi difícil também aprender a
escrever em dupla. Eu conheço a Bia há muitos anos e já tínhamos trabalhado
juntos em um curta, mas tinha sido um processo completamente diferente. No "<i>O
Rastro</i>", a gente demorou para encontrar uma forma de trabalho que funcionasse
pro nosso estilo. Tentamos algumas técnicas diferentes (dividir cenas; escrever
uma parte depois trocar; escrever juntos...) até encontrar uma dinâmica ideal.
E acho que passar por essas dificuldades também foi o aspecto mais prazeroso.
No fundo, a gente desenvolveu uma forma de trabalhar que vai além do "<i>O Rastro</i>".
Acho que a gente ainda está engatinhando em como explorar o cinema de gênero,
mas pelo menos desenvolvemos uma forma de trabalhar particular. Ao longo do
processo, eu não sabia se seria capaz de fazer um filme desse, mas agora sinto
a vontade de continuar explorando esse universo!</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-16998639221694107792017-05-08T07:00:00.000-03:002017-05-08T07:00:07.794-03:00O contrato Roteirista-Espectador<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTLGZouMhKSLnaRKnOgoXPiFK7rixETlf_kf1XrcoAIqGmj9FBOhOxjLmHnzVCb-d4xEizeEQgPLZh5c-dtwb9DA9UsMuDj_uiZ0OSdCEQENPujF2YFqFpsE-qsjuuOn-ePbBxovzNEFZ7/s1600/spock.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTLGZouMhKSLnaRKnOgoXPiFK7rixETlf_kf1XrcoAIqGmj9FBOhOxjLmHnzVCb-d4xEizeEQgPLZh5c-dtwb9DA9UsMuDj_uiZ0OSdCEQENPujF2YFqFpsE-qsjuuOn-ePbBxovzNEFZ7/s320/spock.png" width="320" /></a></div>
<br />
Grande parte do que fazemos como roteiristas é apresentar uma proposta, meio que um contrato de atenção, para o espectador. Ele assina e dispõe seu interesse, confiando em você enquanto storyteller para conduzí-lo à um mundo diferente, que vai lhe trazer um entretenimento bacana. Mas - uma vez que a outra parte concorda com as clausulas deste contrato e embarca na aventura - temos que ir malandramente seguindo o combinado e de vez em quando, dentro das regras, afim de deixar a coisa sempre interessante, propondo aditivos a esse contrato. Hoje acordei advogado, galera.<br />
<br />
O problema é que nesses aditivos muitas vezes nos embananamos e contradizemos algumas clausulas pétreas do contrato. E temos que estar sempre ligados à isso, porque uma vez que quebramos umas dessas, o espectador perde a confiança em nós como storytellers, se sente traído e entra no PROCON do entretenimento (leia-se: vai procurar alguma outra coisa pra fazer).<br />
<br />
São dois erros que você pode fazer: cometer uma incongruência de realidade e cometer uma incongruência de personagem. As pessoas parecem se prender ao primeiro, pois é o superficial, mas vaticino: não se preocupe muito com isso. O que é importante e realmente exterminador de confiança é a incongruência de lógica de um personagem.<br />
<br />
Vamos analisar dois momentos de séries distintas para entender o que eu to falando.<br />
<br />
1) Primeiro voltemos a uma série horrorosa no quesito lógica de personagem: Lost. Logo no começo da segunda temporada, um mês de vivência numa ilha MUITO estranha, após cair de avião ali, a galera descobriu uma ESCOTILHA no meio do nada, onde um computador dos anos 70 fica ali e tem de se escrever números nele a cada 108 minutos, mas aparentemente por nada, afinal, ninguém se comunica através do computador. Michael, um dos sobreviventes, viu seu filho sumir do nada, e, ali, sozinho na escotilha, de repente vê uma mensagem no computador dizendo "Hello?". Ele responde "Hello". O computador escreve de volta "Who is this?". Michael dá um sorrisinho de canto de boca e escreve "Michael. Who is this?" e ali, naquele momento, minha confiança (e a de qualquer pessoa com bom senso) no storytelling da série foi totalmente quebrada. Você quer me dizer que um cara, com tudo isso que citei acima, ao receber pela primeira vez o que parece ser um contato externo teria ESSA reação? Sorrisinho de canto de boca e vamos brincar de ICQ?! Não. Impossível. Ilógico. Se ele não gritasse pros outros "<i>Caralho! Pqp! Alguém respondeu! Olha! Vamos sair da ilha!</i>" ou - ok, havia um momento de paranóia entre os sobreviventes - ia ficar super ressabiado, olhando pra ver se estava sozinho na sala e ía ficar vidrado ali no computador, procurando saber quem diabos estava do outro lado mandando mensagem. Mas nunca, NUNCA, ia dar aquele sorrisinho de canto de boca, relaxado, brincando de ICQ.<br />
<br />
2) O outro exemplo vi essa semana na temporada-revival de Prison Break. Depois de uma reviravolta doida, Lincoln Burroughs descobre que seu irmão Michael Scofield forjou sua própria morte e está de novo tentando sair de uma prisão. Dessa vez no Yemen. Ele vai até lá e depois de muitas idas e vindas, Michael e seus comparsas escapam da prisão e encontram Lincoln. Aquela velha história; eles precisam correr e voltar pros EUA o quanto antes. Mas... é nesse momento que Lincoln fala "<i>Não, não. Pode parando agora e explicando que caralho de porra foi essa de fingir morte e os escambau. Tu tá maluco, porra?! Todo mundo achando que você tava morto!</i>". Na hora eu pensei "Obrigado!", porque é <b>óbvio</b> que esse é o grande questionamento que qualquer pessoa sã faria.<br />
<br />
E, isso, meus amigos, é lógica congruente de personagem.<br />
<br />
Perceba que não importa o fato de o mundo ser obviamente irreal. Tinha uma ilha deserta, que tinha um monstro de fumaça, e uma escotilha com computador, um urso polar na floresta tropical... beleza, é um mundo doido. Ou no mundo "McGuyver" de Prison Break, onde o cara escapa de 4 prisões diferentes(!), usando os recursos mais doidos... Isso não é um problema. A quantidade de aditivos que você colocar nestes mundos, na real, vai ser bem vinda. Mas no momento que você mexe errado na lógica de conduta do personagem... já era. São os motivos pelos quais os personagens agem e não a eficiência das ações que incomodam de verdade. Não é "po, até parece que o cara ia errar o tiro à essa distância" e sim "po, até parece que o Papa teria e usaria uma arma". É o <i>por quê</i> e não <i>o quê</i>. É a verossimilhança e não a veracidade do que tá escrito.<br />
<br />
Estamos dispostos a deixar pontas de história desamarrada (plot holes) se a jornada tiver sido boa e isso se faz com o desenvolvimento correto e lógico dos personagens. E estamos mais do que predispostos a aceitar mundos esquisitos com lógicas presepadas. Acreditamos na "força" e sabres de luz, em carros que se transformam em mega robôs; acreditamos até que a Sally Field tem idade pra ser mãe do Tom Hanks! Mas simplesmente não nos damos bem com personagens que se movimentam de maneira ilógica, pois a verdade é que os personagens são nossos avatares nas histórias. É através deles que embarcamos nesses mundos e em suas histórias. Se ele não é confiável quanto ao seu jeito de ser e locomover, vamos ficar irrequietos e passar a reparar que "<i>peraí, mas como assim o Bruce Wayne investe isso tudo em equipamentos pro Batman; a empresa dele ia falir</i>!" e aí você tá se preocupando com o que não devia.<br />
<br />
O filme "Inception" faz uma boa analogia a isso, com a questão de nos sonhos, se você chamar muita atenção, o universo se rebelar contra você afim de fazer o "sonhador" acordar. É meio isso. O foco deve ser o personagem e sua lógica, senão todo o resto vai começar a fazer uma seta para o fato de que: ei, isso tudo é mentira. Volte à sua vida.<br />
<br />
E, isso, no mundo da ficção é a morte.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-37296944208757243562017-04-28T20:11:00.002-03:002017-04-28T20:14:39.305-03:00MFA - Screenwriting da Fulbright<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm8D6_LKomW8yxoqe0-DLIcpBS7wQY4YVvF0cJFCwXcDTBjUY1h3MC5WepaAZw_Kul8OtfSsNkGFyUBQvkhuwlWw5Yeftr9_BPPEnPhDc213EKJalqm5yYjMJMvYsbrtpS1ocJ9AoK5m1Q/s1600/fulbright-pin-logo.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm8D6_LKomW8yxoqe0-DLIcpBS7wQY4YVvF0cJFCwXcDTBjUY1h3MC5WepaAZw_Kul8OtfSsNkGFyUBQvkhuwlWw5Yeftr9_BPPEnPhDc213EKJalqm5yYjMJMvYsbrtpS1ocJ9AoK5m1Q/s320/fulbright-pin-logo.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
A Comissão Fulbright é uma instituição super séria que atua há 60 anos no Brasil, promovendo o intercâmbio cultural-acadêmico com os EUA. Visando graduar o mercado audiovisual brasileiro, por 12 anos seguidos, fizeram um edital misto com a CAPES proporcionando a roteiristas brasileiros a possibilidade de fazer um MFA (Masters of Fine Arts ou "mestrado") em Screenwriting (Roteiro). Era um programa sensacional que custeava não só os dispendiosos cursos (dependendo da faculdade chega até 120 mil dólares ou quase MEIO MILHÃO DE REAIS), mas também um salário para que você focasse no curso, mais auxílio na passagem etc. Por causa da crise política do Brasil, a Fulbright ficou on hold por um tempo e não realizou o MFA em 2015 e em 2016, mas agora ele está de volta.<br />
<br />
Apesar de não ter voltado com o mesmo gás (diminuindo o número das bolsas - de 3 para 2 - e, também, o valor das mesmas), o MFA da Fulbright continua uma excelente oportunidade que, você, roteirista, não deve perder de vista. Tenho 2 amigos que já fizeram e atestam o quão legal é. Pare pra pensar; é até meio óbvio. A possibilidade de passar 2 anos morando em outro país, vivendo outra cultura... aliás; melhor: a possibilidade de ter "resolvido" 2 anos da sua vida... e ainda estudando/se aprimorando/fazendo contatos no melhor país do mundo para a prática?! É uma oportunidade impagável. Uma dádiva. Ainda mais considerando o momento pelo qual passa o Brasil. Boto muita fé. Vão com tudo. Entrem no <b><a href="http://fulbright.org.br/edital/mfa/" target="_blank">site</a></b> pra saber mais, se animar e se inscrever!<br />
<br />
Corram porque é um processo sério e detalhado, então, apesar do prazo ser 12/06, não tem lá muuuuuito tempo pra ficar pensando.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-67109538995190729402017-04-25T12:13:00.000-03:002017-04-25T12:13:42.249-03:00GREVE DOS ROTEIRISTAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWbq5rVirFuNsIDGLidSmWcFaL5ZcWngXkmt0JzzvP5dHw3EhPUvGJNlkH-A2ajqRzUvZL-GMJCsBy9PIV9bfd8iyOjbVBKQQ0izcK09skdPjpxM-KzM2RscKqK6y0zJNVTqs1uSKqQFq6/s1600/wga-strike-2007.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWbq5rVirFuNsIDGLidSmWcFaL5ZcWngXkmt0JzzvP5dHw3EhPUvGJNlkH-A2ajqRzUvZL-GMJCsBy9PIV9bfd8iyOjbVBKQQ0izcK09skdPjpxM-KzM2RscKqK6y0zJNVTqs1uSKqQFq6/s320/wga-strike-2007.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Com presença recorde de 67.5% de seus membros, o Writers Guild of America votou SIM, permitindo que sua diretoria determine greve geral. A aprovação foi quase unânime: impressionantes 96.4% dos votos.<br />
<br />
A greve começará dia 2 de Maio após inúmeras negociações do sindicato com a MPAA (Motion Pictures of America Association), orgão que reúne as Majors de cinema e TV, reinvindicando aumento no salário dos roteiristas. Mas pra entender o pleito, temos que ir um pouco mais atrás:<br />
<br />
Se na última greve (2007), a questão girava em torno dos residuais de direitos autorais na internet e outras janelas que logo depois estouraram (imagina se não tivesse rolado o quanto que iam lucrar com Netflix etc. sem sobrar nada pra quem escreveu aquilo?), dessa vez, parece mais simples, mais "queremos mais dinheiro", mas não se trata de ganância ou ajuste de inflação. E essa é a primeira parte que nos interessa, mesmo assim tão longe do mercado americano: a questão é que, com este boom provocado por estas tais janelas de <i>video on demand,</i> a indústria como um todo se transformou. O espectador passou a estar no controle da situação e, ao invés de ter que sentar e esperar o "provedor de conteúdo" dar um episódio de sua série, ele passou a poder ir lá e assistir a série que ele queria na hora que ele queria (seja no netflix, seja nos canais convencionais, através de aparelhos/serviços como Apple TV, Roku etc.). Com essa mudança - que parece boba, mas é muito significativa - digamos que o interesse do espectador ficou mais "volúvel". O tempo de consumo - e já falamos sobre isso em outros posts - passou a ser disposto de forma diferente e a indústria, como um todo, entendeu que "reruns"(reprise de episódios) não faziam mais tanto sentido. Os anunciantes estavam atrás de se associar apenas com conteúdo fresco. Logo, o interessante (grosso modo) era não mais ter temporadas de 22/24 episodios dispostos em 6 meses de exibição e sim diminuir o número de episódios de uma série para 10/13, que passassem em 3 meses, para que logo depois começasse outra série e por aí fosse.<br />
<br />
Na superfície não há nada de ruim nisso. Ganha o espectador com mais conteúdo pra ver e até mesmo os roteiristas, certo? Afinal, tem mais programa pra você ser staffed. No entanto, a <i>forma</i> como os estúdios pagam os roteiristas apresenta um problema nesse modelo. Os roteiristas ganham por episódio e com essa diminuição da temporada, eles passaram a receber metade do que recebiam antes, sendo que não podem, no resto do ano, por motivo de contrato de exclusividade, trabalhar em outras séries. <br />
<br />
Uma greve é muito ruim para todos os envolvidos. Os roteiristas, o estúdio, a equipe "below the line" (câmeras, figurinistas etc) e também para os espectadores. No cinema não há muitos danos, pois os projetos são montados com anos de distância - até hoje a greve de roteiristas mais longa durou 20 semanas - e, mais; com MUITOS scripts de<i> buffer</i>. Mas na TV, por conta do timing também, caso as Majors não cedam, simplesmente todas as séries, que logo mais entrariam em produção, terão suas exibições atrasadas. Programas ao vivo, como o SNL, que voltou a alcançar ótimos índices de audiência e tem sido muito comentado, seriam "desligados" imediatamente. Mesma coisa com os talk shows diários como o Tonight Show with Jimmy Fallon e o Late Show with Stephen Colbert, que entrariam em hiato indeterminado.<br />
<br />
Com tudo isso dito, acho que foi importante o WGA se unir e votar a favor da greve; acho que agora o MPAA cede e concede. Afinal, ele pode e deve conceder. As Majors conseguem lucro
recorde em cima de lucro recorde, e a pedida da WGA é tipo 0.X% do que
um CEO de qualquer uma delas recebe de salário no ano, não tem como não apoiar o
pleito. É uma correção de rumo que tem que ser feita em cima de algo bom
e não algo ruim, ou seja, apenas uma questão de justiça mesmo.<br />
<br />
Para os espectadores - e essa é a segunda parte que nos interessa, aqui de longe da indústria americana - dá até um alívio, porque vai dar pra
recuperar o tempo perdido e ver as mil séries novas bacanas que sempre indicam e não temos tempo pra ver. Fora as diversas excelentes séries de catálogo que muitos podem não ter visto. Diferente do que tentam te fazer crer por aí: bom conteúdo de TV não nasceu com "The Sopranos".Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-11076160550905833282017-04-14T07:00:00.000-03:002017-04-14T07:00:11.030-03:00Q&A 14/04/2017Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/p/contato.html">link</a></b> e aperte enviar (ou tente nos comentários!).<br />
<br />
Vamos ao desta semana!<br />
<blockquote class="tr_bq">
Olá!<br />
<br />
Sou, como muita gente mundo afora, um apaixonado pelo cinema
norte-americano, em especial Scorsese. Não tenho (ainda) a pretensão de
chegar um dia a trabalhar nos EUA escrevendo roteiros, mas quero começar
de algum modo. Qual(is) caminhos/dicas tu me daria?<br />
<br />
Atenciosamente,<br />
Evair Vargas</blockquote>
Fala, Evair!<br />
<br />
Cara, sabe que por muito tempo eu achava que era uma viagem a possibilidade de um brasileiro trabalhar com cinema nos Estados Unidos? Síndrome de vira-lata? Em certa medida sim... mas não dá pra justificar minha posição somente assim. Por pura lógica mesmo; apesar de todo o domínio cultural, que me fez assistir MUITO novo programas como Seinfeld, ER, Letterman, Buffy, Leno, Who's the Boss? - até o NBC Today passava no saudoso Superstation! - e inúmero filmes etc. e tal... estas séries simplesmente <b>não </b>fazem parte da<b> </b>minha cultura.<br />
<br />
Tá no verbo acima: eu <i>assisti</i>. Não <i>vivi</i> aquilo. Num mundo cada vez mais conectado parece bobeira falar isso, mas a verdade é que perdemos muito no "virtual" (ou ganhamos muito no "presencial", como queira). E, para um roteirista, que cria um <b>mundo</b>, uma <b>cultura</b> - através de palavras, mas principalmente de <u><b>observação</b></u><b> -</b> a nota de partida sai de cara muito alta por conta deste distanciamento. O roteirista sai muito prejudicado por não ter no "sangue" séculos de bagagem/vivência daquela cultura. É bem diferente de um Diretor, que, noves fora o direcionamento de atores (que deve ser bem difícil, mas algum fluência na língua já resolve - diferente do caso do roteirista, que pode, como no meu caso, falar inglês que é uma beleza, mas não conseguir perceber completamente a cultura), pode fazer praticamente todo o trabalho de cinematografia e mise en scene sem maiores problemas. Storytelling é storytelling, tem sua própria língua. E estética é uma coisa própria de cada um mesmo, então tudo certo. Não por acaso Hollywood trabalha tanto com Diretores estrangeiros. Só de brasileiros lembro de 5 rapidinho": Fernando Meirelles, Andrucha Waddington, Zé Padilha, Heitor Dhalia e Afonso Poyart. (Procurando na internet pra ver se eu não tava falando bobagem - e não tava - ainda vi que tinha também Bruno Barreto, Carlos Saldanha, Walter Salles, Vicente Amorim...)<br />
<br />
Fora que, mais tarde, quando isso já podia até ser uma "career move" pra mim (quem trabalha com isso sabe que a família sempre pergunta "<i>e quando você ganhar o Oscar?</i>") eu pensava que era meio doideira, pois o Brasil já se mostrava um lugar tão interessante/desafiador pra fazer uma carreira disso... por que dificultar ainda mais?!<br />
<br />
MAS...<br />
<br />
Não sei se você sabe, mas, coincindentemente, eu estou morando há 10 meses aqui nos Estados Unidos! No entanto não vim pra cá pra trabalhar na indústria americana. Pelo contrário,
vim pra cá por conta de um projeto audiovisual Brasileiro voltado para o
Brasil. <br />
<br />
E, cara... apesar do pouco tempo aqui, por estar aqui, <i>presente</i>, sentindo as coisas, conhecendo pessoas e histórias, fui vendo que há uma outra visão importante sobre esta questão.<br />
<br />
Sim, mantenho que não é nossa cultura e, sob este prisma, estamos bem atrás na concorrência. Mas, crescendo e observando, percebi a existência de um caminho novo que cada vez tem seu esfalto alargado e recapeado. O lance é que: pelo fato dos Estados Unidos ser um país cuja a história foi marcada por imigrantes - e até hoje é muito escrita por imigrantes - Hollywood tem investido nos últimos tempos bastante em o que eles chamam de "diversidade". Entenderam que sua produção andava muito padronizada, e embora eu acredite que a culpa disso é muito mais por conta de quem <i>produz</i> os filmes - homens brancos de meia-idade - o que importa é que estes homens resolveram investir na procura de novas vozes. De repente surgiram milhares de bolsas, fellowships e programas <b>dentro</b> dos estúdios e canais de Hollywood (HBO tem, Disney tem, Sundance, FOX...) voltados especificamente para encontrar e mentorar vozes "diversas". Leia-se: mulheres, latinos, negros, gays... tudo que não for homem branco americano.<br />
<br />
E adivinha só: você e eu, por mais que não nos sintamos assim, somos latinos! Sim! E, por mais que nos sintamos "americanizados" (falei por você só por questões estilísticas da frase. Sorry!), eu estava certo e eles <i>sentem</i> sim a diferença da maneira como "pescamos" a cultura deles. No entanto, isso não é uma fraqueza mais e sim uma qualidade! Especialmente na TV (no cinema ainda é bem raro...) o roteirista estrangeiro vai ter gente mais graúda pra filtrar isso e, sei lá, você pode fazer uma carreira inteira sentando em writer's room, pitching sua visão diferente pra ser "adaptada" ao jeito americano ou dando toques únicos e estrangeiros para tornar a visão manjada do showrunner algo mais sexy/exótico/diferente. Essa é a graça: mesmo que, para você, pareça algo natural, para eles, o jeito como pensamos é diferente. E na real é mesmo. É difícil de perceber isso sem viver aqui nos EUA (e vice-versa com um gringo que mora no Brasil). Mas faz muito sentido. Tipo o Português e o Índio quando trocaram espelho por ouro. Após o escambo, ambos pensaram pra si: "ha! Que maluco! Como é que ele pode preferir <i>aquilo</i> a <i>isso</i>?!"<br />
<br />
Enfim... andei, andei, andei pra te falar isso: acredito que o melhor caminho/dica que posso te dar é esse; apostar na sua diversidade e ficar de olho nisso. Se tem essa vontade: mete bronca. Owne a sua Brasilidade e o seu jeito de ser e procure por estes programas de diversidade para ser sua porta de entrada em Hollywood.<br />
<i><br /></i>
<i>And good luck! Represent!</i><br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-53700349175560567732017-02-13T22:02:00.000-02:002017-02-14T11:13:10.634-02:00Exercícios de Diálogo de Eric Heisserer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPlXzdqfTOny1_R5I96iWewxlkIJT5SskyPMBcyS8rMOGh_u-shtH_vR32r-CZj7ugytqgBKziM6tovqqeOhJG-BAOVrAMXWZyVIJnxeZbAdvBH_fgEg_hfwaBpY1UJzI1CgVqqzu3oVTL/s1600/dialogue-930x698.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPlXzdqfTOny1_R5I96iWewxlkIJT5SskyPMBcyS8rMOGh_u-shtH_vR32r-CZj7ugytqgBKziM6tovqqeOhJG-BAOVrAMXWZyVIJnxeZbAdvBH_fgEg_hfwaBpY1UJzI1CgVqqzu3oVTL/s320/dialogue-930x698.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Seria 2017 o ano do exercício? Sim, porque depois do último post, trago um novo exercício; dessa vez proposto pelo roteirista de um dos filmes mais aclamados de 2016: Eric Heisserer, de "Arrival".<br />
<br />
Ele tem postado em seu twitter diariamente exercícios de DIÁLOGO (tema central do seu belo filme, pode-se dizer) que ele diz ter feito para "treinar" e "achar" sua narrativa para o filme. Os exercícios são bem interessantes - um deles, escrever uma cena pregressa do backstory do personagem, até meio que já falei <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2016/02/escrevendo-cenas-que-nao-existem.html" target="_blank"><b>aqui</b></a> no site.<br />
<br />
Então fica a dica, nem que você não os faça, mas leia as explicações dele. Um cara tarimbado assim - indicado ao Oscar! - já vale a "prosa" de toda maneira, mas ele ainda vai a fundo do porquê de cada exercício, o que faz abrir umas janelinhas na nossa cabeça.<br />
<br />
Em algum momento alguém vai compilar isso em algum site, tenho certeza, mas, até lá, segue o twitter dele (@HIGHzurer) e vai catando os últimos dias. Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-47137778020660507942017-01-05T10:54:00.000-02:002017-01-05T10:54:14.153-02:00Dialogue-Writing Challenge<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha85qv0UspR-ExBeY3mFZdwUOg_JWqbZn5FukKAH0gjv3RWenWq3mGlehSFide-18fhPrcL8KUk9ruZn4D-Qr9f9oZP8DZWCKsZ9OlvJYzp4UrAC9THIdBK8KSFlFVL-Ni4iWXgFpK8IMh/s1600/2979581445_4cbdb75887_b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha85qv0UspR-ExBeY3mFZdwUOg_JWqbZn5FukKAH0gjv3RWenWq3mGlehSFide-18fhPrcL8KUk9ruZn4D-Qr9f9oZP8DZWCKsZ9OlvJYzp4UrAC9THIdBK8KSFlFVL-Ni4iWXgFpK8IMh/s320/2979581445_4cbdb75887_b.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Não to falando que vou fazer, porque quem acompanhou viu o fiasco que foi os dois últimos NaNoWriMo, mas o roteirista Scott Myers (K9 - um policial bom pra cachorro) está fazendo um negócio muito interessante no site deles. Dá uma olhada!<br />
<br />
Resumindo o que ele chama de "Dialogue-Writing Challenge", a cada dia até o último dia de Janeiro, Scott propõe um "prompt", uma situação, para que escrevamos uma cena dentro daquela forma. Além de propor, ele fala um pouco sobre como fazer o approach para cada situação, o que é de tão ou mais valia em relação ao exercício em si. No dia 1 ele propôs uma cena de briga. No dia 2 pediu uma de sedução. E ontem queria que escrevessem uma de negociação. O que será que virá hoje?<br />
<br />
Adicionalmente, Scott deixa o espaço livre para que você envie o que você escreveu (em inglês, claro) para que ele e outros deem suas percepções sobre o que foi escrito. Achei o exercício interessante mesmo que você não coloque-o depois online, mesmo que seja "para seus olhos apenas"; as dicas deles também são bem boas. Vale dar uma olhada pra dar aquele chute no nosso traseiro no início do ano; essas coisas ajudam a gente a nos colocar em movimento.<br />
<i><br /></i>
<i>PS: pra quem se interessar, não vi exatamente como, mas parece que se você se inscreve no site dele e coloca seu trabalho, ganha uma aula grátis do curso online dele. Procura melhor lá, mas rola algo assim.</i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-84455101136020436412017-01-02T23:18:00.001-02:002017-01-02T23:18:31.109-02:00BRAINSTORM: Achando um novo Bond<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyIxddJEkLQFNZlKf7VxbMHgyGMySEKHzJO7w7L_XkBnoIQsHSj9iniDcge_QkHKHhygx8_bSdDE9G5JROQSeCqEvxXQ8T79zw22Qkp9YrFQYY1aBKTPVWukm0NkBHlIZCDBz_G-QY28t6/s1600/ce8d3f45b09918340ef059e832586a2b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyIxddJEkLQFNZlKf7VxbMHgyGMySEKHzJO7w7L_XkBnoIQsHSj9iniDcge_QkHKHhygx8_bSdDE9G5JROQSeCqEvxXQ8T79zw22Qkp9YrFQYY1aBKTPVWukm0NkBHlIZCDBz_G-QY28t6/s400/ce8d3f45b09918340ef059e832586a2b.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<span style="font-size: large;">"Li uma teoria de que o James Bond seria na verdade um <i>cargo</i> e não uma pessoa"<br />"Um <i>carro</i>?"</span><br />
<span style="font-size: x-small;">- Eu e minha esposa circa 2011. Não vou dizer quem falou o quê.</span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
Mas a idéia era de que, na real, James Bond era o nome genérico para o cargo, para a posição de Agente 007, afinal uma pessoa tão visada teria que adotar uma identidade falsa pelo bem de sua família (Ian Fleming precede bebês de proveta), amigos e, também, por que não?, da própria missão. Isso fazia especialmente sentido haja visto que alguns personagens ancilares - <i>M</i>, por exemplo - permaneciam sendo interpretados pelos mesmos atores, independente do 007 em ativa. Diversos filmes da franquia dão dicas criptografadas sobre o assunto, às vezes dando força à teoria, às vezes dando a entender que ela é a maior viagem. Mas a verdade é que dificilmente vão provar ou desprovar ipsis litris esta <i>teoria </i>(embora Skyfall tenha atacado o assunto bem de frente, mas adivinha o quê: os conspiradores inventaram uma outra teoria pra rebater o filme e continuar acreditando no que eles querem).<br />
<br />
Independente de ser "canônico" ou não, a teoria é muito interessante. Imagina umA agente James Bond! "My name is Bond, <i>Jane</i> Bond". É um jeito super fresco de renovar e rejuvenescer um mundo já conhecido, pela simples mudança de gênero, que deve trazer consigo uma porção de novas questões, mas dentro ainda de um enquadramento clássico do espírito "007". Imagina um James Bond preto! (Aliás, já ouvi rumores de que estavam namorando o Idris Elba) E um asiático?! Prevejo muito conflito com o<i> Q</i>.<br />
<br />
Piadas à parte; não, não estou falando DE FATO um James Bond mulher ou negro ou asiático: a verdade é que a chance é próxima a zero de um personagem desse ter sua casca radicalmente alterada (principalmente porque o público é MUITO chato e leva as coisas demasiadamente à sério; vide <b><a href="http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-113534/" target="_blank">Michael B Jordan como Tocha Humana</a></b> e <b><a href="http://www.hypeness.com.br/2016/07/novo-caca-fantasmas-estreia-com-elenco-feminino-cercado-de-polemica-machismo-e-expectativa/" target="_blank">Ghostbusters fêmeas</a></b>) e menor ainda é a chance de eu ou você ou qualquer roteirista aqui no Brasil ser considerado para re-fazer uma franquia; quem dirá a de James Bond! Todavia, essa é a graça do Brainstorm: pegar algo e re-significar. Buscar um conceito e aplicar "originalmente" em sua própria história. Possivelmente foi assim que surgiu uma penca de outros filmes. Será que "<i>Spy</i>" não surgiu assim? "<i>E se fizéssemos um James Bond mulher e gorda e desajeitada, mas que acaba getting her grove on"</i>? E "<i>XXX</i>", será que não surgiu assim também; num pitch meio "James Bond nos esteróides"?<br />
<br />
Enfim, esquece o James Bond! Eis o Brainstorm: pegue uma franquia. Ache qual é o "<b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/10/escrevendo-improviso.html" target="_blank">game</a></b>" dela. Transforme isso em um "cargo", ou seja, despersonalize. Não torne sua aplicação única ao modelo de protagonista dela (gênero, cútis, profissão...) e, assim, jogue num papel branco e tenha o seu próprio mundo. Pense nas especificidades deste novo universo e explore-as. Pronto, você tem um carro- ops, um filme novo pra chamar de seu.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-78739289904026664192016-12-09T07:00:00.000-02:002016-12-09T07:00:18.688-02:00Q&A 09/12/2016Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/p/contato.html">link</a></b> e aperte enviar (ou tente nos comentários!).<br />
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Vamos ao desta semana!<br />
<blockquote class="tr_bq">
Td bem, Eduardo? Queria saber como é normalmente o regime de contratação de um roteirista na TV aberta, em canais de TV por assinatura e também em projetos de Internet. O contrato é por roteiro? O roteirista tem carteira assinada ou é sempre PJ mesmo para grandes empresas?
<br />
<br />
Valew,<br />
Claudio - SP </blockquote>
Tudo bem, Claudio! E você?<br /><br />Para entender como funciona isso, temos que pensar um step antes da contratação do roteiristas. Para haver a necessidade de ter um roteirista, tem de haver a vontade de produzir um conteúdo, certo? Ok, partindo desta premissa, precisa-se de dinheiro para que aconteça. Os canais de TV por assinatura supostamente não tem dinheiro para produzir eles mesmos, mas eles tem a obrigação de colocar mais ou menos 30% de conteúdo brasileiro em sua programação por conta da chamada "<b><a href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12485.htm" target="_blank">Lei da TV Paga</a></b>". Então eles se associam a Produtoras, que são proponentes em diversas linhas de incentivo audiovisual estatal para que assim tenham conteúdo. A TV por assinatura entra como...erm, uma TV por assinatura (é obrigatório ter uma associada para que a Produtora possa efetivamente pegar o dinheiro) e pode participar também com algum dinheiro dela. Mas todo o resto - contratação de diretores, roteiristas, atores, equipe etc. etc. - cabe à Produtora. A troca PJ-PJ entre TV por assinatura e Produtora é basicamente: TV dá a sua chancela e um pouco de dinheiro para a Produtora e ganha em troca o "Episódio da série 1.mov" pra poder explorá-lo em sua grade. Fim. E a Produtora também nunca contrata ninguém em regime de CLT; é tudo PJ. Nosso mercado é quase todo PJ, cara.<br />
<br />
"<i>Poxa, mas por que?!</i>"<br />
<br />
Você tem noção de que a CLT foi um ato populista do velho Getúlio que é insustentável a longo prazo e, bom, com mais de 70 anos de existência o longo prazo chegou, né? Então, nenhuma Produtora vai contratar ninguém para um trabalho que vai durar 6 meses (se tanto!). A carga tributária mataria todas as Produtoras. Geralmente as Produtoras tem como CLT apenas profissionais fixos, que são da casa independente do projeto: os produtores donos (né?) e assistentes de produção, que tem trabalho sempre, independente da casa ter algum projeto sendo produzido (ajudam os Produtores donos na inscrição de projetos em leis, na prestação interminável de contas para a ANCINE - valeu, Guilherme Fontes! - e outras coisas pouco sexy). Um roteirista, um diretor... dificilmente terá demanda para estar full time numa Produtora. Há um tempo atrás as Produtoras que faziam Publicidade tinham Diretores em regime de CLT, mas o mercado esfriou muito de maneira que faz mais sentido o cara ser sócio e não contratado.<br />
<br />
Vamos ver se você pegou o jeito para entender essas questões... Na internet: quem paga a produção? Se for o governo, vai ser a mesma história. A Produtora vai ser a proponente e vai estar liberada a captar o dinheiro via incentivo fiscal com o setor privado ou então vai ter algum roteamento de dinheiro do setor (tipo o Fundo Setorial do Audiovisual), com o aval da ANCINE. E, da mesma forma, não fará sentido a Produtora te contratar direto, pois ela terá dinheiro ali para uma temporada e o depois será o depois; CLT não se sustenta. PJ-PJ entre você e ela, de novo. E se não for o caso, se alguém está "tirando do próprio bolso", tomara que ele seja bom caráter e te pague, não fale "poxa, te pago com exposição!", mas mesmo se ele pagar, será ou o dinheiro direto "não declarado", ou através de uma nota fiscal, ou seja, PJ-PJ.<br />
<br />
Mas na TV Aberta... bom, me dei conta que eu nunca trabalhei como roteirista para a TV Aberta. Assim, na verdade já fiz trabalhos para a Rede Globo, mas eram todos de natureza de prestação de serviço. Uma vez fui contratado para fazer o roteiro de um institucional interno deles; todo feito in-house. Eles me procuraram e queriam que eu fizesse um pitch de uma idéia para um roteiro acerca de coisas internas deles que não posso falar e, após aprovado, escrevi esse roteiro e foi produzido internamente por profissionais da casa (diretores, atores, jornalistas etc.). Mas isso - contratar um roteirista de fora para que eles produzam lá dentro - é bem raro; ou eles fazem tudo internamente com seus profissionais ou contratam uma Produtora para que ela faça tudo ela e eles fiquem só de "cliente". Nesse caso, passei minha notinha para a Globo direto. PJ-PJ. Noutra vez, vendi uma série chamada "<i>São Jorge</i>", criada por mim e meu amigo Calvito Leal. Era um projeto bem grande, então a Globo nos uniu com a O2 Filmes e desenvolvemos os roteiros nesta triangulação. Esta composição ainda era de dinheiro da Globo, mas foi, de novo, feita PJ-PJ. Eles pagavam à minha empresa com o Calvito e à O2 também. A série acabou não sendo produzida (apenas os roteiros escritos), mas se fosse, também não saberia te dizer se nos contratariam em CLT ou, por conta da presença da O2, seria PJ-PJ.<br />
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Com essa dúvida, perguntei pra minha queria amiga de anos e anos Joana Penna, roteirista do "<i>Zorra</i>", na Globo, e ela me disse que no caso dela, e de todo mundo lá do "<i>Zorra</i>", é CLT. Todo mundo contratado da Globo. E aí lembrei de outros conhecidos que, independente de estarem alocados atualmente em algum projeto, tem contrato de CLT também por lá.<br />
<br />
Então, acho que pra responder você eu diria: só há um lugar onde você terá chance de ser CLT como roteirista e esse lugar é a TV aberta. Mas mesmo assim não é garantia, pois dependerá do teor do trabalho que você vai fazer lá. Se você for "staffed" numa série que tenha alguma expectativa de durar, por exemplo, a chance do canal te contratar por alguns anos como roteirista da casa aplicado num projeto é grande.<br />
<br />
Agora, respondendo a parte da pergunta de como é a contratação "é por roteiro?"... na TV aberta é por mês mesmo. X se você tiver alocado num projeto, Y se não tiver. Já na TV por assinatura, o roteirista é contratado pelo projeto. Mas se ele vai receber X pelo total de roteiros independente dele escrevê-los todos, só por estar ali na sala de roteiristas ou Y pela quantidade de roteiros que ele assinar... isso vai depender da negociação PJ-PJ que você vai fazer. Eu acho que nós roteiristas - e isso, mais uma vez, é algo que o <b><a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2016/09/meu-sindicato-dos-roteiristas.html" target="_blank">meu Sindicato de Roteiristas ideal</a></b> teria que ter como bandeira - deveríamos receber X só por estar ali na <i>Sala</i> contribuindo, independente de assinar o roteiro, e adicionais para Story By, Outline e Screenplay by, ou seja, adicionais por Argumento, por montar a estrutura de um episódio e por assinar um episódio.<br />
<br />
Acho que é isso. Não se assuste com o fato de não ter CLT quase. Eu, por exemplo, nunca trabalhei CLT. Só quando era ator (1991-2000). Minha vida adulta trabalhadora foi toda PJ. Tem suas dificuldades (não dá pra negar que a CLT é uma mãe... mas é uma "<b><a href="http://www.adorocinema.com/filmes/filme-10103/" target="_blank">Mamãe é de morte</a></b>", te trata bem e mata tudo à sua volta), porém você vai fazendo coisa aqui e ali e se segurando e construindo sua carreira. Não é um bicho de 7 cabeças.<br />
<br />
<i>Espero ter ajudado!</i>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-31562845693602424812016-12-01T21:20:00.002-02:002016-12-05T14:29:56.877-02:00Domínio Público Afetivo<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
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<br />
Em filmes volta e meia usa-se uma música de forma diegética em uma
espécie de "<i>PA-PUM</i>". Os personagens a escutam, comentam/debocham dela
(geralmente no começo do segundo ato e nunca depois do Midpoint)... <i>PA</i>!
E, depois, no terceiro ato, a evocam, de novo diegéticamente ou não, seja
para uma lição, seja para trilha sonora da batalha que vão enfrentar (as
vezes, mais raro, usam no Dark night of the soul como elemento de
"resgate" do protagonista à missão)... <i>PUM</i>!<br />
<br />
Tem diversos exemplos, se você passar a prestar atenção nisso. De cabeça lembro do "Casamento do meu melhor amigo" com "I say a little prayer", da música do "Flashdance" (she's a maniac maaaaniac on the floor) naquele filme do Owen Wilson e Vince Vaughn do Google ("The Internship") e da excelente "Waterfalls" do TLC no igualmente excelente "We're the Millers". A escolha dessas musicas não é fácil. Você quer que seja algo que conecte com o máximo de gente possível ao mesmo tempo que não seja algo muito óbvio; que as pessoas pensem "uou, eu nem lembrava dessa música!" e a nostalgia, mais do que qualquer coisa, o faça conectar e desfrutar da música um pouco de verdade, um pouco ironicamente. As vezes nem precisa ser um <i>PA-PUM</i>, basta um <i>PA</i> bem aplicado que a galera sai do cinema e fala "putz! E aquela parte da musica X!!!" ("In the Air" do Phil Collins em "Se beber não case"?)<br />
<br />
Pois bem, como já disse outras vezes, musica muito me interessa e esse post na real é só pra dizer a todos que entendem o acima escrito, que eu acredito que duas músicas estão madurinhas para serem exploradas dessa forma irônica e podem conseguir bons resultados por não ser nem tão velhas nem tão novas... Enfim; por estarem nesse perfeito estranho lugar de nem tão lá nem tão cá da memoria afetiva das pessoas: "Complicated" da Avril Lavigne e "Tubthumper" do Chumbawamba. Aliás, Tubthumper tá quase passando do ponto. Eu procurei e fiquei bolado que não usaram ainda. Corram.<br />
<br />
Aqui no Brasil, anuncio também que "Jeito Sexy" da Fat Family também está disponível para ser usada. E eu queria muito que "Deixa disso" do Felipe Dylon entrasse nesse pantheon também; mas acho que o tempo passou demais e ninguem nem re-conheceria.<br />
<br />
<b>MINI BRAINSTORM</b>: vale transportar essa noção da música para acontecimentos de forma a despertar seu cérebro para novas histórias. Qual evento que já tá quase passando do tempo e pode ser trazido a tona numa história que perpasse-o de alguma maneira? A Copa de 1998? A batalha pra ver quem é o king of NY entre Nas e Jay-Z? O bug do milênio?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-92159959069741075212016-11-01T21:32:00.003-02:002016-11-01T21:32:35.048-02:00NaNoWriMo<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />
Desde o começo desse site falei pra mim mesmo que não ia fazer posts "motivacionais" por aqui. Minha idéia era ser técnico; todos outros sites sobre roteiro que via por aí eram muito "<i>acredite em você, não desista da sua idéia, escreva até o final</i>". E sempre achei isso meio sem sentido. Só fazia sentido para roteirista amador. Independente de estarem pagando ou não, quem escreve MESMO nem tem esse dilema. Você escreve porque precisa e não por um capricho. É uma necessidade vital de ser criativo através das palavras antes de qualquer coisa.<br />
<br />
Mas hoje eu vou interromper um pouquinho esse pensamento pra, no campo motivacional, atacar um assunto que, no fim das contas, é técnico: escreva. Não importe o que aconteça: apenas escreva. Isso é pra você, mas serve pra mim também. Nosso trabalho como roteirista se dá na tentativa e erro e tentativa de novo. Nesse re-fazer nós burilamos nossa técnica e, nem que não seja praquele projeto específico, melhoramos e aprendemos e nos desenvolvemos pra conseguir fazer melhor e com mais facilidade o nosso trabalho.<br />
<br />
Com isso em mente, nesse mês acontece o <a href="http://nanowrimo.org/" target="_blank"><b>NaNoWriMo</b></a>, que é o National Novel Writing Month, ou "Mês nacional da escrita de romance", que é um movimento onde vários escritores usam Novembro como um mês-incentivo à escrita. E mais, na real: um mês-incentivo a escrever o primeiro tratamento do que quer que seja. Escrita livre, sem auto-edição. O propósito é conseguir números. Palavras no papel e nada mais. Como funciona: durante todos os dias de Novembro (sim, não tem desculpa de sábado ou domingo) você escreve o quanto der para, ao final do mês, ter um romance escrito. Os participantes entram no site <b><a href="http://nanowrimo.org/">NaNoWriMo.org</a></b> e vão dizendo seu progresso dia-a-dia "<i>Fiz mil palavras hoje!</i>", "<i>Escrevi 300 palavras, mas de um momento crucial onde meu personagem principal encontra o vilão</i>"... alguns até postam suas páginas. Tanto faz, o importante é compartilhar o progresso como forma de auto-motivação, pois os outros escritores vão lá e falam "<i>Uhu! Parabéns! Bora junto!</i>" etc.<br />
<br />
Em Dezembro do ano passado eu fiz um NaNoWriMo fora de época no meu twitter (<a href="http://twitter.com/microthoughts" target="_blank"><b>@microthoughts</b></a>, pra quem não me segue) e esse ano vou fazer direitinho à partir de hoje, 1º de Novembro. Apesar de originalmente ser de livro, o que importa é a ferramenta. Use-a pra escrever seu filme, seu conto, seu post de blog, sua história; seja o meio que for.<br />
<br />
O mais importante trabalho de escrita é a primeira passada. É a primeira vez que botamos palavras num papel para formular o nosso pensamento. E é uma faca de dois gumes, pois é ao mesmo tempo o mais importante, mas também o mais trivial, uma vez que, de certa maneira, você sabe que ainda vai re-escrever muito aquilo; logo é imperativo que independente de qualquer coisa se termine o que você está escrevendo seja do jeito que for, para, aí sim, começar a tornar o que foi escrito em algo bom. E o NaNoWriMo é um bom estímulo para que lembremos que temos que escrever esssa primeira parte sem nos cobrarmos muito, senão nunca conseguiremos chegar ao resultado final. Toda jornada começa com um primeiro passo, certo?<br />
<i><br /></i>
<i>Mais alguém vem junto nessa? Bora postando os resultados! To muito pegado, cheio de coisas (vocês devem ter reparado pela minha ausência), mas o NaNoWriMo não aceita desculpas, apenas palavras no papel. E, por falar nisso, sem contar as desse post, hoje eu já deixei 1339 palavras no papel.</i>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-87762845353935017002016-09-26T18:05:00.003-03:002016-09-26T18:07:07.376-03:00(Meu) Sindicato dos Roteiristas<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjclDyqZ9BWG2nPYtCf8fQWLQBCli8Ib2vbR_KxDtgSKKBy_i6eMtGhe4clvSptj6iUoWPLtnefhH0puSMTrYhJu2WA35kCRz5tqbmhZ3fnPPgmUrME0DmxVadwhQjFpAFbtTXcYUJu8G8v/s1600/pen-in-fist.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjclDyqZ9BWG2nPYtCf8fQWLQBCli8Ib2vbR_KxDtgSKKBy_i6eMtGhe4clvSptj6iUoWPLtnefhH0puSMTrYhJu2WA35kCRz5tqbmhZ3fnPPgmUrME0DmxVadwhQjFpAFbtTXcYUJu8G8v/s320/pen-in-fist.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Há algumas semanas falei sobre o surgimento da ABRA, a mais nova (e maior) associação de roteiristas do Brasil. No final do texto eu falei que pelo que li ainda não parecia ser exatamente o que entendo como uma organização útil e efetiva para os roteiristas, mas, com certeza, por causa do seu tamanho (a união das finadas AR e AC), com muito mais potencial de, quando estiver realmente disposta, ser esta organização. <br />
<br />
Aí algumas pessoas me perguntaram - com muita razão, pois criticar sem ajudar com alternativas construtivas não está com nada - “mas, afinal, o que, então, seria essa organização pra você?”<br />
<br />
Pois bem. Sei lá. São algumas coisas. Respondendo de maneira breve e pouco aprofundada (pra não dizer clichê): o mais próximo possível da WGA. Mas tenho certeza de que não rola (e nem seria bom) copiar totalmente porque há muitas diferenças nos meios de produção (e se bobear diferenças legislativas mesmo). Mas pelo menos algumas coisas acho que podiam ser postas em prática.<br />
<br />
<ul>
<li><b> Cobertura Externa Total </b></li>
</ul>
Sempre foi uma questão que um “sindicato” (ou chame como quiser) aqui no Brasil seria muito difícil, pois ele estipulando um “piso”, um “mínimo” para roteiristas, faria com que as produtoras e canais etc. sempre escolhessem roteiristas amadores, de fora do sindicato, para poder pagar menos ou até mesmo não pagar nada. Já nos Estados Unidos a coisa funciona com o WGA porque o grosso da indústria vem das Majors (FOX, Universal, Paramount, Columbia, Disney...), então o WGA fez os acordos com essa galera e pronto; tá “tudo” tranquilo. Dinheiro no banco e direitos garantidos via atuação do sindicato. Vale a pena. Roteiristas querem estar nele pra ter essa segurança e as Majors também ganham tempo (=dinheiro) ao não ter que ficar fazendo mediações individuais em coisas que não lhes interessam (créditos, residuais etc.). Win-win. Enquanto isso, no Brasil, não há essa concentração de “poder”. Na real há: um monopólio de relevância chamado Globo. No entanto, a Globo não é um problema nesse caso, pois, ironicamente, ela faz tudo <u>absolutamente direitinho</u>. Se você trabalha como roteirista na Globo, você não está nem aí pra essa história toda: recebe direito e em dia, tem (quase) todos seus direitos de autor respeitados; você está se sentindo feliz e valorizado. Mas todo o resto fora Globo era pulverizado.
<br />
<br />
<i>Era</i>.<br />
<br />
Aí é que tá: esse é um problema que não mais existe. O mercado mudou COMPLETAMENTE desde a “retomada”, com a criação da ANCINE e o incentivo cultural dado por todos os governos; de Collor até aqui. O Estado - característica bem brasileira, independente do partido no poder - está quase que onipresente no financiamento da produção audiovisual nacional. No cinema, primeiro (e não mais) através da Lei Rouanet e depois (de maneira definitiva) com a criação do Fundo Setorial do Audiovisual. E na TV, com efeito, através da Lei da TV Paga e outras linhas de fomento. Ora com renúncia fiscal, ora apenas como estimulador; no mínimo o governo (através da ANCINE) regula a prática e fiscaliza o fluxo de dinheiro da atividade. Os produtores continuam sendo diversos pulverizados por aí, mas o fato é que <i><b>quase não há atividade sem interferência e anuência da ANCINE</b></i>. E o que há, não é exagero dizer, não é relevante.<br />
<br />
Portanto, me parece claro, eis o caminho do lobby desta organização de roteiristas: garantir <u>com a ANCINE</u> a obrigatoriedade de TODA produção que usar dinheiro público ser regida pelas regras deste sindicato de roteirista. Piso dos cachês para cada tipo de produção (mínimo de tantos dinheiros para longa ficção, mínimo de outros tantos para 1 episódio televisivo de tantos minutos...) etc. e tal.<br />
<br />
Por que fariam isso? Ué, não dizem que o problema do audiovisual brasileiro é o roteiro? Que faltam roteiristas? Sabemos que isso tudo é mentira. Mas agora paguem pela boca. Vamos valorizá-los, investir neles, pois só assim vamos "melhorar" e vão "surgir" roteiristas. Vamos lá, mercado audiovisual e ANCINE: pra trabalhar com um roteiro/roteirista - ponto #1 para se fazer uma obra audiovisual - tem que fazer toda a produção brasileira respeitar e valorizar o roteirista e o sindicato está aí para garantir e organizar isso.<br />
<br />
<u><b>TL;DR version: </b></u><br />
Minha organização ideal buscaria fazer um acordo com a ANCINE - que é quem regula o mercado - para só aprovar e incentivar dinheiro público à projetos e produtores que façam tudo de acordo com as regras do sindicato de roteiristas quanto a cachê e direitos. Todos os editais teriam esta regra que descartaria logo de cara a produtora que não repassasse adequadamente a porcentagem do dinheiro captado e os direitos morais dos roteiristas onde lhe coubessem.<br />
<br />
<ul>
<li><b> Cobertura Interna Total </b></li>
</ul>
Outro problema que diziam por aí seria dos meios de associação a este sindicato. Enquanto a AC e a AR eram ou caras ou meio restritivas, parece que a ABRA vai ser de graça e menos restritiva. Mas o que eu acho certo é ser ABSOLUTAMENTE inclusiva.<br />
<br />
O sindicato ganharia uma porcentagem baixa (que seria estipulada através de estudos) do que cada roteirista ganha em cada trabalho e, com isso, pagaria seus custos (que não são poucos, pois deve ser uma organização non-stop atuante em vários fronts de fiscalização, lobby e proteção ao roteirista).<br />
<br />
Imaginando por exemplo o mínimo pra Longa-metragem da finada AR (mais ou menos 35 mil reais) e, sei lá, 2% de contribuição automática, seriam 700 reais do cachê que iriam pro sindicato. Considerando só os que vão ao cinema, são 120 poucos filmes nacionais por ano (ou seja, muitos outros mais são produzidos mas não chegam ao cinema)... isso daria 84 mil reais. Só em longa! Ainda tem TV, Internet...
Acho que é uma forma indolor pro Roteirista, que terá garantido pelo menos um piso (parem e pensem que tem muita gente que, por não haver uma força maior que obriga isso, trabalha quase de graça e às vezes <i>até </i>de graça!) e também legal para a organização em si. Dá força para nós como classe. E o melhor: você tá começando? Não tem ainda um fluxo de caixa legal? Tudo bem, você ainda é da organização... todo mundo só ganha junto. O sindicato só “ganha” quando você ganha. Se você tá sem trabalhar não precisa pagar mensalidade, porque às vezes 100 reais faz diferença, pra não perder uma oportunidade e tal.<br />
<br />
<u><b>TL;DR version: </b></u><br />
Pra ser membro você não precisa pagar e nem ter um mínimo de créditos. Todo mundo tem que começar em algum lugar e o sindicato se mantêm através de porcentagem no contracheque do roteirista, afinal ele tem direito a esse mínimo e outros benefícios na relação com as produtoras etc. por causa da existência do sindicato.<br />
<br />
<ul>
<li><b>Arbitração e gerenciamento de créditos </b></li>
</ul>
Isso é algo que me incomoda bastante. No Brasil a questão dos créditos é completamente “a bangu”. É o que você conseguir descolar no seu contrato e não deveria ser assim. Tem de haver padronização tal qual nos EUA. São no máximo 3 roteiristas creditados; não existe SETE roteiristas! É impossível que todos tenham escrito de fato. Dar idéia e ser manobrista de escrita (“Mais pra cá, mais pra lá”) não te faz roteirista. Te faz produtor ou um bom amigo.<br />
<br />
Não é vaidade; o crédito confere legitimidade ao seu direito autoral, o que interfere na questão de residuais etc. o que significa money, dinheiro, bufunfa, dinaro. É perigoso isso.
Tem de haver um trabalho sério nesse campo. Parar com esse lance de radio antigo, onde o Disk Jockey pedia ao compositor/artista a co-autoria da música em troca da exposição da mesma na rádio e, se ela fosse um sucesso, ganhava junto direitos autorais. No WGA a simples dupla ocorrência de um nome no campo "roteirista" e "produtor" já abre automaticamente o processo de arbitração do crédito para comprovar a contribuição escrita do produtor e comprovar se não foi uma questão de assédio de "coloca meu nome aí, eu vou fazer esse filme rolar". A arbitração de crédito é feita por 3 membros do comitê do sindicato - leia-se ROTEIRISTAS, que entendem como funciona a coisa - que julgam o que cada roteirista escreveu através dos tratamentos, que são devidamente registrados no WGA e não na "biblioteca nacional"(?!). Pros que já levantam no discurso de "mas aí o poder desse sindicato..."; existem várias travas. Os árbitros não sabem de quem é o roteiro e o roteirista pode vetar até 3 nomes dos possíveis árbitros da comissão, que é mudada anualmente para não haver vício. <br />
<br />
Mas não é apenas isso. Acho que esta organização, de novo tal qual a WGA, deve padronizar e gerenciar os créditos relativos à roteiro. Até a ordem em que os nomes aparecem - no caso de roteiro com mais de um roteirista, pois a contribuição dele foi importante mesmo se o último tratamento não foi o dele - é determinada nessa arbitração. Por lá existe "Story by" (Argumento) e "Written by" (Roteiro) e alguma outra variação quando o projeto é complicado (tipo, adaptação de um curta baseado em personagens de um livro ou algo assim), mas o sindicato tá em cima pra não ter distorções e de repente ter aberrações como "baseado numa idéia de fulano de tal". <u><b>WRITER'S</b></u> Guild. Só vale se tá no papel.<br />
<br />
<u><b>TL;DR version:</b></u><br />
Os créditos relativos à roteiro devem ser uniformizados e gerenciados pelo sindicato, com anuência automática dos produtores. Ordem e limite de nomes, natureza do crédito. Tem de haver um padrão, porque é no oba-oba que a coisa se perde.<br />
<br />
<br />
<ul>
<li><b>Arrecadação de residuais</b></li>
</ul>
Essa eu botei por último porque entendo que é a que está mais próxima de acontecer, independente da organização. Mas é claro que, com um sindicato forte e reconhecido, tudo fica mais fácil. Uma organização de roteiristas ideal fica ligada e atuante no nebuloso processo de arrecadação de direitos autorais. O que acontece? A produtora é a dona da obra audiovisual final. Toda compensação financeira vai para ela, que reparte de acordo com seus contratos previamente estabelecidos. Ainda que existam algumas medições, você, pessoa física, dificilmente vai saber TODOS os acordos estabelecidos e TODAS as entradas de dinheiro que podem ter porcentagem de dinheiro seu à receber. Mas quem sabe isso? A ANCINE, que tem as contas todas prestadas à ela. Então, mais uma vez, acho que esse pode ser um caminho para tornar justo o processo e os roteiristas receberem de maneira correta nada mais do que lhes é de direito, afinal são NO MÍNIMO autores de uma obra que deu o start no processo audiovisual deste filme/programa etc.<br />
<br />
De toda forma, independente do caminho via-ANCINE, a AR já vinha com sucesso trabalhando com entidades estrangeiras especializadas em arrecadação de direitos autorais pra mapear esse processo e atuar de maneira mais próxima e unificadora na arrecadação destes residuais para os roteiristas. Com certeza esse trabalho vai florescer agora na ABRA.<br />
<br />
<u><b>TL;DR version:</b></u><br />
Po, foi pequeno esse trecho. Nem precisa. Vai lá e lê, preguiçoso.<br />
<br />
<br />
Por último, meio brincadeira, meio sério: Podia ter 3 letras, né? Nunca entendi isso. Antes duas, agora quatro. Quando todas as organizações tem 3... Porque não ABR? Associação Brasileira de Roteiristas. ABA, Associação Brasileira de Autores. ABE, Associação Brasileira de Escritores. Sei lá. Acho doido, meio que chama a atenção pelo motivo errado. Vamos mostrar que, ainda que diferentes, devíamos estar, no mínimo, em pé de igualdade com eles.<br />
<br />
<i>E você; o que acha? Quais são as coisas que os roteiristas deveriam lutar coletivamente? Deixe sua mensagem e participe da discussão nos comentários!</i>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-50589105790797050492016-09-13T12:10:00.001-03:002016-09-13T12:13:41.745-03:00BRAINSTORM: Millennial whoop<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBP5Jqe2V_S3S2zQ5Htan-WKZMCuoXx5YmmADnRNMu5Q1Ckx9xmHS2ku_yirRq8w3_0M2UgC1Wk55vBlcUIaQCN4bIrmVUQzfdve0abYedlwn1JAqrww3hBkjLY2Z7QHnMr8Bi1uXnnS2A/s1600/Millennial-Whoop.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBP5Jqe2V_S3S2zQ5Htan-WKZMCuoXx5YmmADnRNMu5Q1Ckx9xmHS2ku_yirRq8w3_0M2UgC1Wk55vBlcUIaQCN4bIrmVUQzfdve0abYedlwn1JAqrww3hBkjLY2Z7QHnMr8Bi1uXnnS2A/s320/Millennial-Whoop.png" width="320" /></a></div>
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Já falei por aqui o quanto amo música, né? Música é algo divino, uma das coisas que mais nos aproximam de "Deus" (seja lá o que for isso). É algo que sempre teve e sempre terá uma mega presença na minha vida e acho que tem muitas coisas dela que podemos usar não só na vida como no audiovisual. Não apenas especificamente no campo "audio", mas como um todo. Especialmente no que diz respeito "composição" (de música e de roteiro) com a observação de ritmo/flow narrativo/musical. Mas, em um campo mais superficial, também quanto às formas de consumo; por que não? Afinal é uma forma de "arte" bem próxima.<br />
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Outro dia desses esbarrei <b><a href="http://qz.com/767812/millennial-whoop/" target="_blank">nesse link</a> </b>que fala sobre um "trend" musical que permeia inúmeras canções que os chamados "millenials" amam(os?). É basicamente uma sequência de notas que alterna entre a terça e a quinta da escala maior do tom que for. Fica indo e vindo "u-i-u-i-u". Acho que esse tipo de repetição coletiva acontece com mais frequência do que se imagina; simplesmente ninguém com conhecimento veio à frente pra apontar isso pra geral. E não creio que tenha muita conspiração por trás desta "trope"; é apenas uma mistura de: tentativa consciente de soar "em concordância" com o que está fazendo sucesso por aí, e influência inconsciente <i>do</i> que está fazendo sucesso por aí.<br />
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O que me fez pensar: e o cinema? Qual é esta tendência atual que marca nossa época atual? Existe? Não tenho resposta; joguei aqui no blog por que vim pensando nisso e achei que dividir a coçeira no cérebro com a galera era mais produtivo do que morrer com ela. Fora que fazia muito tempo que não rolava <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/search/label/Brainstorm" target="_blank"><b>Brainstorm</b></a>! Tava com saudade. Mas se eu tivesse que palpitar, diria que é aquela coisa de começar o roteiro/filme com algo super empolgante (cheio de ação ou tensão) e logo depois (na quinta, no máximo na sétima página) notar que é um flashback e dizer "Seis meses antes" ou algo do tipo. Você vê direto por aí.<br />
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Como isso é um brainstorm, acho que a idéia não é encontrar essa "trope" e usá-la e sim dá-la como clichê, para, aí sim, subvertê-la e trazer algo fresco. Temos que sempre pensar à frente. Saber o que tá "rolando", mas - se for pra perseguir qualquer coisa além do melhor que você pode fazer ou do que você <i>quer</i> escrever - sempre perseguir a <i><b>próxima</b></i> coisa. Seja um líder!<br />
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<i>E aí? Qual é a millennial trope do cinema? Fala aí nos comentários!</i> Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3132363074164300899.post-40580421911401123872016-09-07T11:21:00.003-03:002016-09-07T11:21:44.247-03:00Minha primeira award ceremony!<iframe allowtransparency="true" frameborder="0" scrolling="no" src="//www.facebook.com/plugins/follow?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FAlbuquerque.Eduardo&layout=standard&show_faces=true&colorscheme=light&width=450&height=80" style="border: none; height: 80px; overflow: hidden; width: 450px;"></iframe><br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLA2TY8onwBOExqlQaR9Q7YWnwArx67yOWMrLDx4mMNvJ1Ggws_uBGcLEB47Ux4aLkg2Jpv3UTM-cA5fZa_6HuXUutw9QHUi-SQJM5VSmdtl8wAQTD_dcCY2GSTm0izZpTpOHFyb7gBhIw/s1600/LAbrff.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLA2TY8onwBOExqlQaR9Q7YWnwArx67yOWMrLDx4mMNvJ1Ggws_uBGcLEB47Ux4aLkg2Jpv3UTM-cA5fZa_6HuXUutw9QHUi-SQJM5VSmdtl8wAQTD_dcCY2GSTm0izZpTpOHFyb7gBhIw/s320/LAbrff.jpg" width="320" /></a></div>
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Meu primeiro longa-metragem "<a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/search/label/A%20esperan%C3%A7a%20%C3%A9%20a%20%C3%BAltima%20que%20morre" target="_blank"><b>A esperança é a última que morre</b></a>" foi indicado a melhor filme no 9th Los Angeles Brazilian Film Festival! Muito legal; minha primeira award ceremony logo na mecca do cinema, com direito a red carpet e tudo!<br />
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Por que eu to falando disso? Bom, além da auto-promoção sem vergonha - a gala vai ser transmitida ao vivo às 21h no dia 16 de setembro no <a href="https://www.facebook.com/labrff/" target="_blank"><b>facebook do festival</b></a> - tem duas coisas. Uma é que eu vou estar lá pro festival (aproveitando que meu aniversário é dia 18 e não sou de ferro!) então, se houver algum leitor de LA (ou <i>em</i> LA) que quiser aparecer no teatro da Los Angeles Film School, onde haverá, dia 19, screening grátis do filme, seria um prazer enorme conhecer e ir tomar umas biritas depois! E duas: o filme tá fazendo um ano de lançamento e vai ser uma boa maneira de fechar um ciclo e adicionar um conhecimento que não tenho e que poderei trazer pra vocês aqui no site. Não sei bem se chega a render um post, até porque eu meio que já cobri essa fase no post <a href="http://www.saladosroteiristas.com.br/2015/09/o-roteirista-e-as-fases-de-um-projeto_21.html" target="_blank"><b>Roteirista e as fases de um projeto: Lançamento</b></a>, mas sei lá... é Los Angeles! É o lugar máximo onde sonhamos estar. E nessa posição ainda de festival etc... Acho que pode surgir alguma coisa e aí fiz esse post pra deixar o compromisso público e me obrigar a escrever sobre depois!<br />
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<i>Pra quem ainda não viu, "A esperança é a última que morre" tá passando direto no Telecine Premium e Telecine Pipoca e pode também ser visto via <a href="https://itunes.apple.com/br/movie/esperanca-e-ultima-que-morre/id1083635219" target="_blank"><b>iTunes</b></a> e <a href="https://play.google.com/store/movies/details/A_Esperan%C3%A7a_%C3%A9_a_%C3%9Altima_que_Morre?id=igy9e58Qbhw" target="_blank"><b>GooglePlay</b></a>.</i>Unknownnoreply@blogger.com1