Todo mundo é herói do seu próprio filme

By Eduardo Albuquerque - 2/15/2016




Vim falando em alguns posts por aí sobre como temos de ter cuidado com coisas que claramente nasceram naquela página. Personagens que brotaram ali e parecem não ter qualquer profundidade e agenda própria; apenas servem ao nosso protagonista, apenas estão ali porque precisamos deles utilitariamente para contar nossa história.

Um bom jeito de superar isso é uma frase que, inclusive, levo muito para a vida fora das páginas: todo mundo é herói do seu próprio filme. Aquele bully idiota que pegava no seu pé no colégio... no filme sobre a vida dele; ele é o herói. Há um motivo para ele ter feito o que ele fez com você. Claro; não é correto o que ele fez e você não tem nada com isso - é errado!, mas não é randômico, entende? Há alguma razão/motivo, que mexeu com ele de certa forma (provavelmente não relacionado à você), que fez ele agir daquela maneira.

Este exercício de empatia é trabalhoso e terminantemente necessário para que criemos personagens tri-dimensionais. O seu vilão não pode estar fazendo as coisas que ele faz só porque seu herói precisa ter um obstáculo. Pense num filme da vida dele e coloque-o como o herói, crie os catalisadores que vão catapultá-lo à ação, faça tudo igual... a diferença é que ele não vai triunfar, afinal, apesar de ter toda a motivação justificada, seu objetivo (às vezes) e a forma como ele busca este objetivo (sempre) não são justificáveis e corretos.

O mesmo se aplica aos outros personagens - o interesse romântico, o alívio cômico, o Sancho Pança... - todos tem de ter sua agenda própria, suas motivações, passado e sonhos de futuro. Isto vai torná-los reais e fortalecer seu personagem principal. Idem com o "cenário" onde tudo isso acontece; constrói-se Distant Mountais que mostram que aquele lugar existe e dialoga com tudo que o cerca e não apenas por onde o seu personagem caminha.

Lembrem-se na vida e nos filmes: todo mundo é herói do seu próprio filme.

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