Q&A

Q&A 07/08/2015

By Eduardo Albuquerque - 8/07/2015

Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este link e aperte enviar (ou tente nos comentários!).

Vamos ao desta semana!

Olá Eduardo, tudo bem?!? Eu tenho alguns textos de longas e curtas e gostaria muito de produzi-los, mas ta difícil encontrar alguma produtora ou diretor que estejam dispostos a ler esses textos. O que devo fazer?!?

Leonardo Medeiros Borges

Não sei se é o seu caso, Leonardo, mas, às vezes, quando pensamos em produtora, imaginamos uma coisa "formal"; um escritório com uma secretária na porta, posteres na parede e mesas de reunião com "tartarugas" para conference calls. A verdade é que geralmente é bem menos glamouroso que isso. Uma produtora pode ser qualquer espaço que tenha um telefone, internet e uma ilha de edição, sendo que o termo "ilha" é obsoleto também, pois hoje em dia uma "ilha" pode ser um maczinho que rode bem Final Cut e pronto.

De toda sorte,  o mais importante - especialmente para começar (e você mesmo citou "curta") - são as pessoas. A constituição de uma produtora só é necessária para captar dinheiro e aí já estamos falando de um processo posterior da sua carreira (e da deles) que não deve ser apressado. Primeiro conheça uma galera para, juntos, começar a ver na prática o que é trabalhar como roteirista. Ter que adaptar coisas por razões orçamentárias ou problemas de produção e, por fim, ter algo seu filmado. Esquece "produtora"; você não conhece ninguém que esteja procurando material pra filmar? Já considerou ir à faculdades que tenham cinema na sua grade (ou cursos) para se enturmar com os alunos? - só cuidado pra não parecer muito creepy, dependendo da sua idade.

Perceba, meu conselho nada mais é uma repetição do que já falei no último Q&A e no post Ode a Forma: você está equivocado no seu objetivo; o seu ativo é você "Leonardo, o roteirista", e não o seu roteiro! É por isso que você não está obtendo sucesso. A gente determina o que é sucesso pra gente; a meta é definida por nós mesmos, certo? Você não tem como perder se você é quem faz as regras. Então esse não é o momento de você estar preocupado em produzirem o seu material original, pois se o fizer assim a chance é enorme de se frustrar. Você não conhece ninguém, não tem nada seu escrito que enfrentou o crivo do público... por que alguém - num mercado de tão poucas chances como o nosso, que produz menos filmes que os dias do ano - deveria arriscar tudo (e fazer filme no Brasil é sempre arriscar tudo que se tem) para fazer a sua história? Pense sem o seu coração e verá que é lógica pura.

Esse é o momento de você trabalhar como roteirista. No que você conseguir. Essa é a meta realista (e momentânea) de sucesso para um roteirista iniciante. Por isso falei: se não tem contatos no meio, crie sua galera; antecipe-se ao mercado e tente buscar gente talentosa que vai crescer e mais a frente te oferecer carona. Se você tiver contatos no meio, ok, mande seus roteiros; mas deixe cristalino na sua comunicação que você, claro, quer produzir-los um dia, mas o que está oferecendo é a sua escrita, seu dom de roteirizar histórias: você quer trabalhar!

Mais a frente quando se provar um cara interessante e bom no que faz, esperamos!, terá um leque de pessoas que antes diziam o que era a próxima coisa a se fazer e agora perguntam: "E aí, o que a gente faz agora? Tem alguma história bacana?".

Boa sorte! 

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1 comentários

  1. Boa tarde, Eduardo. Acho muito importante o que você esqueceu nesse e nos outros posts. Mudou muita coisa na minha cabeça sobre a profissão. Não é só o Leonardo que vai seguir esse conselho, eu também... hehe. Um agraço.

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