Q&A

Q&A 25/03/2016

By Eduardo Albuquerque - 3/25/2016

Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este link e aperte enviar (ou tente nos comentários!).

Vamos ao desta semana!

Roteirista de comédia, de drama, de musical, de aventura, etc.
Existe especialista ou tem que saber tudo?

Carlos Muniz

Fala, Muniz!

Drama e Comédia são faces da mesma moeda. Uma obra de comédia não é riso o tempo todo - pelo contrário! - comédia vem da dor. Então, o roteirista de comédia tem que saber drama. Já no drama, se o roteiro for sério o tempo todo, fudeu: a comédia é a vaselina que abre espaço pra faca do drama deslizar e cortar mais profundamente. E a aventura? Com mais ou menos peso, ela é sempre a força motriz de um filme, independente de ser comédia ou não. É um fato diferente que vai quebrar o mundo comum do protagonista e catapultá-lo numa realidade nova, ou seja, uma aventura. No final das contas é tudo meio encadeado, percebe?

O que é comum a todos os gêneros e está, na real, ACIMA desta discussão é algo que é o gerador, o motor de todas as histórias: o conflito. Esse todo roteirista tem que entender. A forma como você vai desdobrá-lo é que é o gênero e, no final das contas, tanto faz; é uma escolha. Você pode desdobrar o conflito de um monstro que entra na sua vida e não sai mais por conta das suas próprias pequenas corrupções/pecados num filme de comédia ("The Cable Guy"), de drama ("Fatal Attraction") ou de aventura ("Jurassic Park").

Claro que há algumas especificidades em filmes musicais, alguns "costumes"/tradições em westerns etc. e tal. Mas eles são opcionais. Não é porque o filme se passa no "Velho Oeste", que ele tem que ser Western ("100 ways to die in the West"). Tampouco não ser um western só por que se passa no espaço no ano 2517 ("Serenity"). E ainda tem os que dizem que esses que citei são "híbridos de gênero", o que não está errado, mas vai virar uma discussão entre sintaxe e semântica cinematográfica.

O que estou querendo dizer é que "gênero" é um rótulo que colocamos pra entender/categorizar/vender algo. O conflito vem antes de tudo isso; ele que define este rótulo e, se você entende este conflito, você sabe fazê-lo no gênero que ele pede. Portanto, a questão do "especialista" vem muito mais como elemento de marketing/venda por produtores (e também via os próprios roteiristas) que OU usam este título pra poder (se) vender com mais efeito (leia-se $$$) OU tem pouca confiança/conhecimento na hora de (se) reconhecer (como) um bom roteirista/escritor, porque o bom roteirista escreve qualquer gênero que sair de um conflito que ele entende e lhe intriga.

Thanks, Partner!

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