Q&A

Q&A 20/05/2016

By Eduardo Albuquerque - 5/20/2016

Todas as sextas-feiras eu respondo perguntas enviadas pelos leitores do blog. Se quiser me mandar uma, acesse este link e aperte enviar (ou tente nos comentários!).

Vamos ao desta semana!

Boa tarde Eduardo, Daniel de Campinas novamente... (Eu avisei que ia abusar. Sinta-se à vontade para colocar minhas perguntas no limbo. No hard feelings!)

Considerando que queremos o melhor roteiro possível; que cada vez que o leio mudo um detalhe (não raro voltando à versão original), mas sem esquecer que o mesmo sofrerá mudanças no processo de produção, fica a dúvida:
Quando dar um ponto final no projeto quando não há prazo de entrega?
Se não vamos "em busca do script perfeito" e tampouco queremos escrever algo medíocre, quando parar e partir para o próximo?
Alguma dica?

Abraço
Daniel. O de Campinas.

Fala, Daniel!
Manda uma pergunta semana que vem que você pede música no Fantástico!
(Não, sério: relaxa! Fico é feliz de receber Q&A; fire away!)

Bom, tem algumas coisas na sua pergunta. No micro, eu falei nesse post aqui: evite re-escrever enquanto você... erm, escreve. Escreva, pare. Releia (sem mexer! só pra recapitular o que fez, no máximo anotando separadamente pontos pra depois), continue de onde parou e refaça isso até chegar ao final. Depois, releia tudo, re-escreva pontualmente tudo que deve ser re-escrito. Risque todos os itens e fim: seu tratamento está pronto.

Já no Macro... cara, eu sempre achei engraçada essa questão de "quando está bom o suficiente pra entregar?" por dois motivos: (i) eu sempre fui muito "mercenário". Tipo, eu nunca escrevi por escrever. Sempre que meti um "OPEN WITH:" no papel (sei lá, eu gosto de começar meus roteiros assim) eu já tinha acoplado ao projeto algum "cliente"/produtora, entende? Então, por mais que ele fosse solto/tranquilo, sempre escrevi com um prazo, o que te deixa, bem ou mal, com uma data limite para dizer "eu desisto; chega". E (ii), a verdade é que o processo é tão penoso - você pensa e repensa mil aspectos, acredita e duvida, constrói e desconstrói...- que, cara, não sei quanto a você, mas rapidamente chega uma hora que pqp eu não aguento mais aquela história; to louco pra partir pra próxima. Então, talvez seja "trapaça" mental da minha parte, mas eu sempre chego a um ponto onde realmente acredito que concluí da melhor maneira que achava que dava pra concluir o tratamento, mando pra quem tenho que mandar, e à partir dali quero é DISTÂNCIA do roteiro.

Até porque, tem uma coisa: enquanto o roteiro está confinado a você, ele nunca estará completo. Quando você escreve para/com outras pessoas, você PRECISA passar o roteiro por eles. Você pode fazer o seu absoluto melhor (é bom que você o faça sempre!) e, mesmo assim, vai ter que re-escrever muitas coisas; nem que seja para que as outras partes (produtores, diretores, atores) se sintam partícipes do projeto. Então não nos é nem um pouco beneficiente enrolar. Só dando o (provisório) ponto final que o roteiro chega mais próximo do seu ponto final verdadeiro. Mande pros produtores, pros amigos, pros festivais... mande pra quem tem que mandar e o dê como concluído. OU o lado de lá vai dizer "está concluído; eis seu prêmio!" (seja lá o que o prêmio no caso for; dinheiro, sinal verde...) OU vão falar pra você trabalhar mais em x, y e z. Qualquer seja, você estará mais próximo de acabar esse maldito projeto que você não aguenta mais e seguir para o próximo objeto brilhante de estimulação criativa... também conhecido como futuro maldito projeto que você não aguenta mais.

Enfim... sendo pragmático: para qualquer um dos casos, escrevendo pra si ou pra alguém, acho que TRÊS MESES é mais do que suficiente para se escrever ou re-escrever um tratamento. Dê esse prazo a você mesmo, se tiver escrevendo sozinho, pra si. Se der 3 meses e você já tiver chegado ao fim; dê por encerrado e manda pra quem for: roteiro não foi feito pra ficar na gaveta! E sim, 3 roteiros por ano é super fazível se você está querendo levar a sério o ritmo da rotina profissional de um roteirista de cinema.

Mete bronca!

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1 comentários

  1. Grande Eduardo! Obrigado pela resposta honesta! Já pensando na música da semana que vem!

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