Scripped.com e o workflow do roteirista

By Eduardo Albuquerque - 4/21/2015



No nosso meio "Workflow" é um termo muito usado para a galera de pós-produção devido ao - se não complexo - meticuloso processo de transporte de informações digitais dos cartões/HDs das câmeras para o computador e o manuseio correto deles nos projetos criados dentro da ilha de edição. Mas, como o caso da Scripped.com veio nos lembrar, nós, roteiristas, também não podemos perdê-lo de vista.

Duas semanas atrás, o Scripped.com, um site que se propunha a ser uma espécie de programa de edição de texto gratuito e ONLINE para roteiros saiu do ar e botou um aviso dizendo que devido a uma cagada técnica monumental em seu servidor, perdeu TODOS os roteiros que haviam sido feitos através do site. Quem não tinha feito um backup do arquivo em seu próprio computador perdeu seu(s) roteiro(s) para sempre.

Assustador, né?

E, por mais que mil "mas" possam ser aplicados, a verdade é que, ainda que de formas diferentes, isso pode acontecer com você e de repente perder tudo que você criou. A tecnologia nos trouxe várias facilidades, mas também deixou tudo mais complexo. Por mais que você seja precavido com a questão do backup, merdas acontecem. Eu, por exemplo, preocupado com esta questão, guardo tudo no Dropbox, pois (i) ele salva tanto na nuvem quanto no seu computador, o que te aumenta a dificuldade de perda total em 50% e, principalmente, (ii) para eu poder transportar os arquivos de computador para computador, já que trabalho tanto no meu laptop quanto no meu desktop. No entanto, além de não ser 100% (nada o é), apesar de facilitar à medida que não preciso mais andar com disquetes/pendrives de lá pra cá, dificulta pois aumenta muito o risco de falha técnica na peça que fica entre o computador e a cadeira. Uma vez, trabalhando com o "Shared Files" do Dropbox na pesquisa/desenvolvimento de uma série de TV, eu, por neurose, salvava em uma pasta no meu computador os arquivos e numa dessas idas e vindas de arquivo (não só minha, mas de outros 2 roteiristas!) acabei salvando errado no Dropbox e voltando alguns passos atrás o trabalho de todo mundo. É um saco.

Por isso que, além de toda sua aptidão com palavras e tralalala, é muito importante que você seja organizado e tenha um Workflow BEM definido (ainda mais se tiver escrevendo com mais gente, como foi esse caso supracitado). Eu ainda estou tentando aprender o melhor método, mas tento usar o máximo de pastas possível, separando o máximo de etapas possível. Dentro da minha pasta master do Projeto tenho pastas para cada etapa: Pesquisa, Desenvolvimento, Produção, Pós. Dentro destas, pasta para cada etapa também. Para se, a qualquer momento que necessite um passo atrás para dar dois à frente, eu consiga ter, na íntegra o arquivo.

Só uma nota final, e até relacionada ao post de ontem: As vezes mesmo sendo super anal na organização, fazendo backup em tudo quanto é mídia se perde os arquivos; não por corrupção/perda dos dados, mas pela obsolescência do arquivo. Exemplo: os arquivos de Final Draft 5 já não abrem no Final Draft atual. É outra extensão, o computador fica maluquinho, tenta abrir como .exe, tenta abrir no Word... mas só sai um bando de "W¨¨¨$#!*())002838" no papel. E não há mais Final Draft 5 para baixar e o computador provavelmente nem saberia ler mais essas infos. Isso com um programa que eu peguei! Tem programas de edição de texto anteriores ao Final Draft com o qual a galera das antigas deve ter problema também. No entanto, para esse problema tem um tratamento que parece definitivo - tratamento e não "cura"; quem não tá conseguindo abrir esses antigos, perdeu mesmo - que é passar a escrever na sintaxe do Fountain para abrir em qualquer outro arquivo. E, se tiver o .pdf do roteiro, abre no Highland. Tudo bem, você não vai poder acessar features de report e coisas de produção... mas como você é roteirista, imagino que você tá querendo o texto, né?

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3 comentários

  1. Olá Eduardo
    Sei que escreveu comédia e gostaria de falar sobre. Eu gosto de assistir comédia, mas não tenho facilidades no processo de criação, no entanto me aventuro nesse gênero e normalmente quando termino crio uma comédia de situações, mais humor negro tipo Irmãos Coen no qual sou fã, não consigo trabalhar com os demais tipos de comédia. Gostaria que falasse sobre comédia, suas experiências, algumas dicas e diferenças na criação. Ao meu ver comédia boa é aquela comédia que começa pela construção do personagem, quanto mais completo ele é, mais elementos de humor você pode construir nele durante a escrita do roteiro. O que acha?
    OBS: por algum motivo não consegui enviar no Q&A a pergunta, por isso envio por aqui.
    Jeferson

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    1. Fala, Jeff!
      Cara, posso pegar, então, seu comentário e responder num post ou até no Q&A da semana que vem? Até porque não tem como responder isso de maneira curta, acabará sendo uma filosofada grande, né? Então, de repente é melhor fazer fora do comentário.

      Agora, preocupante isso do Q&A... será que tá dando problema e to perdendo perguntas? =X Testei agora e funcionou, recebi... não esqueça de preencher todos os campos e apertar enviar!

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    2. Pode sim, faz o que quiser. Na verdade eu digito o que precisa digitar e fica rodando entende, e não anexa a pergunta, mas beleza faz da forma que você achar conveniente, fico no aguardo

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