BRAINSTORM: Achando um novo Bond

By Eduardo Albuquerque - 1/02/2017




"Li uma teoria de que o James Bond seria na verdade um cargo e não uma pessoa"
"Um carro?"

- Eu e minha esposa circa 2011. Não vou dizer quem falou o quê.


Mas a idéia era de que, na real, James Bond era o nome genérico para o cargo, para a posição de Agente 007, afinal uma pessoa tão visada teria que adotar uma identidade falsa pelo bem de sua família (Ian Fleming precede bebês de proveta), amigos e, também, por que não?, da própria missão. Isso fazia especialmente sentido haja visto que alguns personagens ancilares - M, por exemplo -  permaneciam sendo interpretados pelos mesmos atores, independente do 007 em ativa. Diversos filmes da franquia dão dicas criptografadas sobre o assunto, às vezes dando força à teoria, às vezes dando a entender que ela é a maior viagem. Mas a verdade é que dificilmente vão provar ou desprovar ipsis litris esta teoria (embora Skyfall tenha atacado o assunto bem de frente, mas adivinha o quê: os conspiradores inventaram uma outra teoria pra rebater o filme e continuar acreditando no que eles querem).

Independente de ser "canônico" ou não, a teoria é muito interessante. Imagina umA agente James Bond! "My name is Bond, Jane Bond". É um jeito super fresco de renovar e rejuvenescer um mundo já conhecido, pela simples mudança de gênero, que deve trazer consigo uma porção de novas questões, mas dentro ainda de um enquadramento clássico do espírito "007". Imagina um James Bond preto! (Aliás, já ouvi rumores de que estavam namorando o Idris Elba) E um asiático?! Prevejo muito conflito com o Q.

Piadas à parte; não, não estou falando DE FATO um James Bond mulher ou negro ou asiático: a verdade é que a chance é próxima a zero de um personagem desse ter sua casca radicalmente alterada (principalmente porque o público é MUITO chato e leva as coisas demasiadamente à sério; vide Michael B Jordan como Tocha Humana e Ghostbusters fêmeas) e menor ainda é a chance de eu ou você ou qualquer roteirista aqui no Brasil ser considerado para re-fazer uma franquia; quem dirá a de James Bond! Todavia, essa é a graça do Brainstorm: pegar algo e re-significar. Buscar um conceito e aplicar "originalmente" em sua própria história. Possivelmente foi assim que surgiu uma penca de outros filmes. Será que "Spy" não surgiu assim? "E se fizéssemos um James Bond mulher e gorda e desajeitada, mas que acaba getting her grove on"? E "XXX", será que não surgiu assim também; num pitch meio "James Bond nos esteróides"?

Enfim, esquece o James Bond! Eis o Brainstorm: pegue uma franquia. Ache qual é o "game" dela. Transforme isso em um "cargo", ou seja, despersonalize. Não torne sua aplicação única ao modelo de protagonista dela (gênero, cútis, profissão...) e, assim, jogue num papel branco e tenha o seu próprio mundo. Pense nas especificidades deste novo universo e explore-as. Pronto, você tem um carro- ops, um filme novo pra chamar de seu.

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